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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Estou bebendo estrelas


Conta-se que no dia 4 de agosto de 1693, o monge beneditino Dom Pérignon terá exclamado "estou bebendo estrelas" ao provar o famoso vinho com borbulhas, mais tarde denominado Champagne.



Estátua do monge Pierre Pérignon (1639-1715) em Épernay (região de Champagne) nas Caves Moët & Chandon (os maiores produtores mundiais de champagne).


Em 1668, entrou para a Abadia Saint-Pierre de Hautvillers, tendo ficado encarregado da adega, um cargo importante numa época onde os mosteiros possuíam vastos domínios, de onde tiravam todas as espécies de produtos destinados à venda. Administrou-a até à sua morte.
A abadia, fundada no século VII, foi abandonada durante a Revolução Francesa, mas ressurgiu em 1823, quando a família Chandon comprou as propriedades.

A primeira inovação de Dom Pérignon, a partir de 1668, consistiu em acompanhar sistematicamente a evolução das vinhas e aplicar com sucesso a mistura de uvas de diversas qualidades. Com Pérignon, a enologia ascendeu à categoria de "ciência" e o champanhe adquiriu uma qualidade, que não tinha até então, o que terá grandes implicações na sua reputação. Foram escavadas adegas, hoje galerias com vários quilómetros de extensão, usadas para permitir o repouso e envelhecimento do champanhe a uma temperatura constante.

A região produtora de champanhe foi delimitada em 1927 e ocupa uma área de 32 mil hectares (a região demarcada do Douro, a maior e mais antiga do mundo, foi criada em 1756 pelo Marquês de Pombal e ocupa 250 mil hectares).
Parece que ainda ouço as palavras da minha primeira professora de francês no liceu, que ditava sempre as mesmas frases para traduzirmos "o champagne é um vinho da região francesa de Champagne". Pobre Eulália de Freitas, com a alcunha de "a foca", pois no clima ameno da Madeira andava sempre com uma gola de pele por cima dos casacos...À sua maneira aquele cliché era a vertente socio-cultural...

Em 2015, a UNESCO classificou como Património da Humanidade as "encostas, casas e caves de Champagne", que incluem os vinhedos históricos de Hautvillers.

O "Cuvée de Prestige" é o melhor vinho que uma casa pode oferecer, envelhecido por muitos anos. Em geral são "batizados" com o nome de uma personalidade. "Dom Pérignon" é o "Cuvée de Prestige" da Moët & Chandon.


O método tradicional, segundo o qual é produzido o champagne, é utilizado noutros vinhos espumantes. Nunca provei Dom Pérignon. Conheço-o do cinema e dos filmes do 007. Considero o seu preço demasiado exorbitante para uma garrafa, mas gosto muito do mais comum da Moët & Chandon para ocasiões especiais e há sempre um Raposeira ou outros espumantes portugueses, que sabem muito bem.



Gosto muito de champagne como aperitivo ou até para acompanhar uma refeição. Não há melhor combinação para uns canapés de caviar do que champagne.

Também gosto da versão dos cruzeiros: champagne com morangos







O meu cocktail favorito é Kir Royal, uma mistura de champagne ou espumante com crème de cassis...


Concordo com o frei Pérignon: parece que bebemos estrelas





E não esquecer que reza a atradição que na Catedral da capital da região de Champagne, Reims, era onde os Reis franceses eram coroados e bebia-se então o vinho local, portanto, desde cedo, o champagne ficou associado à realeza, que os produtores procuraram desde cedo explorar esse passado de requinte aristocrático...Aliás, diz-se que a Madame de Pompadour, amante de Luís XV, influente na política e marcante na inspiração de gostos e modas, afirmava que o champagne era o único vinho que punha as mulheres mais bonitas... 



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