Hoje fui a Sintra e visitei o Chalet da Condessa e os jardins. Estava um dia lindo de céu azul, soalheiro e frio, a lembrar que o inverno está a chegar.
D. Fernando II (1816-1885), foi o príncipe consorte da Rainha D. Maria II (1819-1853), tendo-lhe sido atribuído o título de rei, após o nascimento do seu filho mais velho D. Pedro V. Do seu casamento com a Rainha de Portugal, D. Maria II, nasceram 11 filhos. A monarca morreu de parto aos 34 anos.
D. Fernando conheceu e apaixonou-se por Elise Hensler (1836-1929) em 1860 no teatro São Carlos, após a ópera de Verdi Um Baile de Máscaras, na qual ela interpretava o papel do pajem Óscar. Elise nasceu na Suiça, mas aos 2 anos os pais emigraram para os EUA, onde teve uma educação cuidada orientada para o belcanto. Completou a sua formação em Paris e, em 1854, estreou-se no Scala de Milão. Em 1859 estreou-se em Portugal, no Porto, vindo mais tarde para Lisboa.
Em 1869 D. Fernando II e Elise casaram. Poucos dias antes fora-lhe concedido o título de Condessa de Edla. O casamento não foi bem recebido pelos filhos de D. Fernando nem pela generalidade da sociedade conservadora, talvez por ser mãe solteira e cantora de ópera.
Na segunda metade do século XIX, D. Fernando II, o criador do Parque e Palácio da Pena e a Condessa construíram o Chalet da Condessa, inspirados pelos palacetes alpinos, então em voga na Europa, com interiores decorados de forma eclética e romântica.
No seu testamento D. Fernando II pede à Condessa que conserve a propriedade por eles criada e dos lugares preferidos do casal. Após a morte do monarca, a Condessa foi forçada a vender ao Estado o Palácio e o Parque da Pena, que o marido lhe deixara em testamento. Graças à rainha D. Amélia, continuará a habitar o chalet até 1910.
Em julho de 1999, em consequência do seu abandono, o chalet sofreu um incêndio, que destruiu grande parte do seu interior.
Em 2011, o chalet reabriu ao público depois de muitas obras de restauro. Visitei-o nessa altura e o seu interior estava vazio e mostrava ainda sinais de obras. Hoje, apesar de ter muito pouco mobiliário, constatei que a Parques Sintra têm adquirido, ao longo dos anos, algumas peças relacionadas com o chalet.
Silva Porto. O Palácio da Pena
Columbano Bordalo Pinheiro. A Condessa de Edla
Dois livros que pertenceram à Condessa
Terrina em porcelana da Manufatura de Viena do século XVIII
Cesto de piquenique e prato com monograma da Condessa
Parte de serviço de jantar com o monograma de D. Fernando
Alguns trabalhos de pintura de D. Fernando, cujo filho D. Luís e o neto, D. Carlos
herdaram muito do seu talento
O interior está muito bonito e dá-nos a ideia de um ambiente romântico, que tirava partido das vistas magníficas para o Palácio da Pena e para o mar, que se avistava das varandas e, claro está, para elementos naturais como as Pedras do Chalet.
Este banco pertencia aos aposentos da Condessa no Palácio das Necessidades.
A visita ao chalet custa 9 euros por pessoa para reformados. Pode parecer um pouco puxado, mas o trabalho de manutenção da casa e do jardim deve ser avultado e depois fiquei a saber que têm comprado algumas peças em leilões para embelezar o espaço e recordar os seus criadores, por isso considero-o justo.
Em 1901, foi construída a Quinta da Condessa na Parede, que constava de um enorme terreno, uma mansão e casa do caseiro, onde a Condessa passava muito tempo depois de viúva para não se sentir tão isolada. Essa quinta deu lugar a um condomínio fechado, que mantém a casa, restaurada e foram construídos prédios de apartamentos.
Para sairmos do estacionamento perto do chalet, não podemos voltar pelo mesmo caminho. Tem que se dar a volta à serra de Sintra e vamos ter a Colares, junto das praias e encaramos com o Palácio da Pena, de onde viemos (o chalet fica um pouco abaixo). Como não prescindo do meu pequeno almoço (hoje bem tardio) no centro histórico, subimos outra vez pelo lado de Nafarros...demorámos mais do que de Lisboa a Sintra... mas Sintra e a Pena valem sempre a pena.
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