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domingo, 23 de maio de 2021

Bratislava, Lisboa, Viena e o museu Albertina

 


A Galeria Albertina é um museu em Viena, cuja coleção oferece uma visão geral de 600 anos da história de arte ocidental. Possui uma das maiores coleções de artes gráficas do mundo, com mais de 50 mil desenhos e um milhão de gravuras, do gótico ao contemporâneo.

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Igualmente interessante é a visita aos 20 Salões de Estado decorados à epoca dos Habsburgos do século XVIII e XIX. Lamentável, contudo, é o facto de só haver em língua alemã catálogos ou outros livros sobre o espólio do museu.   

O nome do museu deriva da junção de Alberto com Cristina.

Quem eram eles?



O “Alberto” era o duque Alberto de Saxe-Teschen (1738-1822) vice-rei da Hungria e, mais tarde, governador dos Países Baixos Austríacos e a “Cristina” era a duquesa Maria Cristina (1742-1798) filha favorita da Imperatriz Maria Teresa de Áustria. Os dois viveram no Castelo de Bratislava, onde o duque encontrou espaço suficiente para a sua coleção de arte e a cidade de Pressburg (Bratislava) acolheu-os  com prazer, pois  atraíam a nobreza, com uma vida social intensa, chamando ainda e de maneira constante compositores famosos, que contribuíram para o florescimento cultural da cidade .

A Imperatriz Maria Teresa (1717-1780) foi coroada Rainha da Hungria em Bratislava e durante o seu reinado a cidade viveu uma época de ouro. Foi sucedida pelo filho, o Imperador José II, o qual mandou transferir o governo da Hungria para Buda. O duque Alberto de Saxe-Teschen deixou também o Castelo de Bratislava e a sua coleção de arte foi transferida e constitui, hoje em dia, a pedra angular do museu Albertina em Viena.

Devem estar a perguntar o que terá Lisboa, tão longe a ver com tudo isto...


Manuel Teles da Silva Meneses e Castro (1691-1771), partiu de Lisboa, na companhia do irmão de D. João V, em 1730. Era filho de João Gomes da Silva, 4º conde de Tarouca (Lisboa, 1671-Viena, 1738)  embaixador de  D. João V na corte de Viena de 1726 até à sua morte.  Manuel alistou-se no exército austríaco e lutou contra os turcos. Em recompensa recebeu o título de  duque  do Império pelo Imperador Carlos VI do Sacro Império Romano-Germânico.

Frequentador da corte vienense, Manuel ganhou a confiança do Imperador  e assistiu ao nascimento da arquiduquesa Maria Teresa. Pouco antes da sua morte, o Imperador confiou a Manuel a importante tarefa de iniciar a jovem princesa nos assuntos políticos de Estado. Coroada em 1740, a arquiduquesa pediu a Manuel que fosse sempre franco e aberto com ela. Desta forma, Manuel veio a ser um dos confidentes mais próximos de Maria Teresa, que o consultava frequentemente.


Manuel Silva-Tarouca foi amigo de Sebastião José de Carvalho e Melo, no período em que o futuro Marquês de Pombal  desempenhou funções de Embaixador de Portugal junto à corte vienense (1745-1749).

Em Viena, Manuel da Silva-Tarouca comprou três propriedades em 1744, fez demolir as construções ali existentes e mandou edificar um Palácio, que mais tarde ficou conhecido como Palácio Cumberland, por lá ter morado o duque de Cumberland (hoje em dia é a Embaixada da República Checa). 

Li a primeira vez sobre este palácio na biografia de Julia Grant.

Passados uns anos, vendeu-o à Imperatriz Maria Teresa e tornou-se  proprietário de um edifício neoclássico, que remodelou e passou a ser a sua residência. Chamava-se Palácio Tarouca. Em 1794, o duque Alberto mudou-se para este palácio e tornou-o sede da sua coleção de arte. Aumentou o edifício, criando uma ala de Salões de Estado, o nascimento do Palácio Albertina, o qual foi sucessivamente melhorado pelos seus sucessores. 


Até 1918, os Salões de Estado estavam no centro da representação e ceremonial dos Habsburgos. Em 1895, o último Habsburgo dono do palácio, o arquiduque Frederico, mandou decorar os chamados Apartamentos Espanhóis, onde a sua irmã, viúva do rei de Espanha viveu com o filho Afonso XIII. 



Gostei muito de ver os belíssimos trabalhos nos pisos em madeira, muito bem conservados.

Com o colapso da monarquia Habsburgo, as obras de arte e o palácio foram confiscados pela nova república da Áustria, mas o Albertina continuou como museu e a sua coleção tem aumentado com muitas doações. Hoje em dia, é um museu adaptado às exigências do século XXI e, sem dúvida, constitui um prazer visitá-lo.


Alguns dos extraordinários e únicos trabalhos artísticos em papel são extremamente sensíveis. Mudanças na temperatura, humidade e luz podem provocar danos irreparáveis, por isso em condições atmosféricas adversas os Salões de Estado, onde se encontram muitas obras de arte, para além da ala museológica, não recebem visitas. A famosa e belíssima lebre de Albrecht Dürer, de 1502, só pode ser exibida duas vezes de dez em dez anos, durante um período de 3 meses. Tive sorte de ver em exibição essa aguarela. É uma obra excecional. Parece estar à espera que os visitantes lhe ofereçam uma cenoura...


As obras deste artista foram talvez as que mais me impressionaram, mas também gostei muito do filho de Rubens, de 1619, quase tão bonito como o meu neto Theo...






Curiosa esta mesa em porcelana de Sèvres, uma oferta de Maria Antonieta à sua irmã mais velha Maria Cristina.




Em 2020, foi aberta uma nova seção do museu, o "Albertina Modern", em Karlsplatz, dedicado à arte moderna. Ainda não o visitei.


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