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sexta-feira, 11 de março de 2022

20+24+21 = 65

 


Nasci há 65 anos. Nessa altura uma senhora da minha idade era considerada idosa: vestia-se com cores sempre discretas, usava penteados altos, armados com laca e segurava na bolsa, com alça pequena, como se fosse um tesouro, sempre junto de si. Na sala sentava-se com as pernas juntas, ligeiramente inclinadas. Nunca se deitava nos sofás... Não havia televisão, mas os serões eram divertidos, porque se ouvia música e  até me lembro de dançar com o meu pai, com os  pés por cima dos seus sapatos.




A minha família dois anos antes de eu nascer...
Tudo isso mudou há muito e eu agora também já sou uma idosa... a única vantagem são os descontos nos museus e em alguns meios de transporte.

Apesar de ter nascido no Funchal, só lá vivi, em termos estatisticos 31% da minha existência. 37% foram passados em Lisboa e 32% no estrangeiro.



Na Madeira aprendi, desde pequena, a importância de uma família unida «um por todos e todos por um», como o lema dos Três Mosqueteiros...








Fiz as primeiras amizades, algumas mais velhas do que eu, em consequência de acompanhar a minha irmã. 






Sofremos o grande desgosto da morte tão prematura do meu pai, quando eu tinha 7 anos e ele 54.





Estudei no Funchal até acabar o «Liceu» e vivi entusiasmada o 25 de abril, participando em manifestações. No ano em que fui viver para Lisboa conheci o meu marido, de férias na minha ilha. Foi também no Funchal, que trabalhei como professora, durante o «serviço cívico» e depois de acabar a Faculdade.



Em Lisboa, a minha mãe encarregou-me de comprar um apartamento, enquanto ela e a minha irmã tratavam de vender a casa, onde nasci, para também se mudarem para o «continente», onde já moravam os meus tios e a prima.

Matriculei-me na Faculdade de Letras. Na altura havia muita contestação para que o clássico curso de Filologia Germânica acabasse e passasse a ser estudos anglo-americanos e alemão. Estava convencida em escolher a primeira opção, mas devido às incertezas resolvi inscrever-me nos dois. E  passados 4 anos terminei a licenciatura na já então velha Filologia Germânica (último ano), que normalmente era de cinco anos com vinte cadeiras no total. Fiz cinco cadeiras por ano;  período dificil, pois não conhecia ninguém, além do meu futuro marido, que frequentava outro curso e, sinceramente, não gostei do ambiente geral: nem da maioria dos professores nem da maior parte das colegas, com um «assalto» às notas, como nunca tinha visto...

Foi em Lisboa que trabalhei a maior parte do tempo, depois de ter regressado da Madeira. Com exceção do 12ºano lecionei todos os níveis de ensino do 5º ano ao 11º, no ensino diurno e noturno. Essencialmente inglês, mas também português e alemão. Guardo algumas boas recordações. Em alguns casos, quando regressei ao ensino, depois de ter estado a viver no estrangeiro, sentia-me uma «outsider». As regras mudavam tanto...


Em Lisboa casei e tive os meus dois filhos. Em casa sempre tive o conforto, que por vezes não sentia no trabalho.



No estrangeiro vi os meus filhos crescerem e tornarem-se adultos responsáveis, que deixaram de viver com os pais, quando foram estudar para Lisboa. Nunca se sentiram motivados para se candidatarem ao programa Erasmus, porque mudanças de escola e países já tinham tido o suficiente nos respetivos currículos...

Depois foram os casamentos dos dois  e o nascimento dos netos, enquanto vivia (e vivo ainda) no estrangeiro... 




Em 2001, a minha mãe, a quem sempre estive muito ligada, partiu. Aliás, esse ano foi o meu
 "annus horribilis» com um grave problema de coluna, em que mal podia andar, uma inundação no rés-do-chão da casa onde vivíamos nos EUA e depois, em setembro, aconteceu o trágico 9/11...














































Ao longo de grande parte dos meus 65 anos tenho vivido em diferentes países e visitado outros. Assim, esses períodos no estrangeiro proporcionaram-me, de facto, a oportunidade de conhecer formas de vida e culturas bem diversas. Viagens e experiências às quais atribuo sempre muito valor e que procuro continuar, como já tenho partilhado neste blog.

Não se diz que «recordar é viver»? Aqui foi um flashback dos meus 65 anos...


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