A minha Lista de blogues

domingo, 28 de fevereiro de 2016

o tempo entre costuras











Percorremos as ruas de uma Lisboa cheia de vento e de luz, sem racionamento nem cortes de eletricidade, com flores, azulejos e lugares de fruta e hortaliça frescas. Sem lotes de terreno repletos de escombros nem mendigos esfarrapados, sem marcas de obuses, sem braços ao alto nem jogos e flechas* pintados a pincel nos muros. Percorremos as zonas nobres e elegantes com largos passeios e edifícios senhoriais vigiados por estátuas de reis e navegadores; transitámos também por zonas populares com tortuosas ruelas cheias de agitação, gerânios e sardinhas. Surpreendeu-me a majestosidade do Tejo, o ulular das sirenes do porto e o guinchar dos elétricos. Lisboa fascinou-me, uma cidade nem em paz nem em guerra: nervosa, agitada, palpitante.




In o tempo entre costuras, pag. 485



*Símbolo da Falange espanhola e, por extensão do fascismo franquista (N.do T.)








É desta maneira que é descrita Lisboa no romance histórico O tempo entre costuras de María Dueñas, uma escritora espanhola. Em 2009, publicou esta obra, que se tornou um verdadeiro fenómeno, cativando os leitores e a crítica. Em Espanha vendeu mais de um milhão de cópias, foi traduzido em 25 línguas e, em 2013, foi adaptado para uma série de televisão.



A autora é doutorada em Filologia Inglesa e professora titular na universidade de Murcia, atualmente em licença. Depois do sucesso editorial desta obra já escreveu mais dois livros, o último La Templanza em 2015.

Este livro foi-me oferecido no Natal passado e depois de começar a lê-lo, não  pude parar, pois a historia é empolgante. Como romance histórico tem algumas personagens reais, do tempo do franquismo e da Segunda Guerra Mundial. A protagonista e narradora é Sira Quiroga, uma costureira de família humilde, que se vê obrigada a trocar Madrid por Marrocos, onde cria um ateliê de alta-costura, frequentado por estrangeiras britânicas e alemães da alta sociedade local. É no ambiente de guerra que Sira, agora com passaporte marroquino, se vê envolvida como espia em Lisboa e novamente em Madrid…uma leitura muito agradável, que transporta o leitor de uma Espanha nas vésperas da guerra civil (1936-1939) às incertezas vividas durante grande parte da II Guerra Mundial. 



1 comentário: