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quarta-feira, 9 de junho de 2021

Tigre Triste

 

Alexandre-François Desportes (1661-1743). Louvre

Bonito poema de Violeta Figueiredo:

Tigre Triste


Tigre preso na moldura

e com o rabo entalado

só olha em frente à procura

da saída para o passado.

Finge estar em movimento

mas cola as patas ao chão.

Vê pincéis em pensamento

pintar imagens num traço

ora brusco ora lento.

Estranhas imagens são:

vêm e vão pelo espaço

de nenhures para nenhum lado

como o tempo emoldurado.


"Ao procurar uma ilustração para o poema Na Terra dos Tigres, deparei-me com este tigre emoldurado. Lembrou-me de imediato a minha mãe, que uns dias antes tinha sofrido de alucinações visuais causadas pela perda de visão (síndrome de Charles Bonnet). 
Este poema é pois dedicado à minha mãe, mas eu nunca lho lerei. A mim ele trouxe-me alívio, a ela só traria desassossego".Violeta Figueiredo.


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