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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Visita à Casa- Museu Amália Rodrigues


A casa de Amália Rodrigues ( 1920-1999) fica na Rua de S. Bento, 193. Remonta ao século XVI e, juntamente com o edifício rosa ao lado, são os únicas casas naquela rua que conseguiram sobreviver ao terramoto de 1755.

No rés-do-chão encontra-se a bilheteira, há também souvenirs e ainda uma sala expondo as condecorações da artista. Mais à frente existe um pequeno café e as escadas que dão acesso ao pátio interior com jardim. Nesse espaço era onde ficava a garagem e o quarto das empregadas. É o único andar onde são permitidas fotografias, mas na net circulam muitas fotografias de Amália em casa.

Na varanda o papagaio de Amália (Chico), que às vezes ainda a chama.

Amália comprou a casa da Rua de São Bento nos anos cinquenta. De início havia um inquilino no segundo andar. Quando ele saiu Amália comprou esse andar, tendo ficado com toda a casa.

Normalmente à noite o meu marido e eu fazemos planos para o dia seguinte: ou ficamos em casa ou vamos dar um passeio, visitar algum sítio que não conhecemos ou revisitar um museu em Lisboa.

Ontem ao procurarmos uma biografia, que por sinal nada tem a ver com Amália (biografia de D. Luís da Cunha por Isabel Cluny) a biografia de Amália ficou desarrumada e, foi ao vê-la, que resolvemos que hoje seria um bom dia para visitar a  sua casa, que nenhum de nós conhecia. Ìamos na expectativa de ter de esperar pela hora da visita guiada (única forma de a visitar), pois não fizemos reserva; mas naquela rua há antiquários com tantas coisas bonitas que o tempo passaria depressa... Tivemos sorte. Só esperámos 20m para a visita das 11horas em inglês e só apareceu um casal de americanos, cuja mulher,  perante tudo o que via, exclamava UAU...



No acesso à casa e nas escadas bonitos azulejos dos finais século XVII-XVIII. Do século XVI só resta a estrutura da casa

A casa e a explicação da guia superaram as nossas expectativas. A casa tem peças de mobiliário bonitas,  alguns quadros de Maluda, que era amiga da fadista, muito bonitos e tudo está impecável, apesar da casa ter um ar de espaço habitado e usado e não de museu. Só não gostei das flores artificiais, recordando como Amália gostava de flores. Na sala de jantar a jovem guia chamou-nos  à atenção as cerejas espalhadas na toalha, contando que a Amália não sabia o dia exacto do seu nascimento - como tanta gente naquela época - e diziam-lhe que tinha nascido no tempo das cerejas. Assim, escolheu o dia 1 de julho para comemorar. Quando viu que 23 de julho era o dia do registo passou o comemorar o seu aniversário naquelas duas datas. Também se pode apreciar frescos com motivos de cereja do notável José Basalisa (1871-1961) no mesmo quarto.


Amália por Pinto Coelho. 50 anos de carreira (1990) 



No primeiro andar: há o hall de entrada, com um enorme retrato de Amália pintado por Pinto Coelho, como que a dar as boas vindas aos visitantes; um grande salão, onde se realizavam as tertúlias com músicos e intelectuais que ficavam pela noite fora; a sala de jantar; e a cozinha tipica dos anos 50. Lá está o seu livro de receitas aberto num dos seus pratos favoritos: Jaquinzinhos com arroz de tomate. Ficámos a saber que a Amália era uma grande apreciadora de chás, sobretudo do Earl Grey e a marca mais representada no armário da cozinha era a Twinings.  

Comprei o livro de receitas


Nas escadas para o segundo piso encontram-se muitos quadros. O retrato de Amália aos 46 anos com cabelo curto, como era moda em Paris causou escândalo na época, mas pouco tempo depois toda a gente imitou o estilo..

 É da autoria de Maluda (1934-1999).





O primeiro retrato oficial de Amália por Pedro Leitão (1922-2009) em 1946, quando tinha 25 anos. Não gostei por achar muito triste. Interessante que tanto o pintor como a retratada eram muito novos. Conheço alguns retratos de Pedro Leitão nos anos 90, que gosto muito. 




Em 1949 foi retratada por Eduardo Malta (1900-1967)


No segundo andar ficam dois quartos de dormir, a biblioteca e uma sala de estar. Gostei muito do recanto de leitura com uma cadeira junto à janela e com muitas cassetes de Fred Astaire, que Amália muito apreciava e a descontraía.



Estes quadros estão na casa, mas foram retirados da net




Muitas fotografias....A  Amália era muito bonita.

Quando era adolescente e ouvia a minha mãe falar da excelente voz de Amália, não apreciava muito fado. 

Agora gosto e vi dois bons espetáculos sobre Amália, apesar de nunca a ter visto atuar ao vivo. 

Espero que a Casa-Museu de Amália continue a receber visitantes. Disseram-nos que o programa da TV: Em Casa d´Amália já não é gravado na sua casa, mas em estúdio, pois o peso dos equipamentos e o número de pessoas era excessivo, correndo o risco de danificar a velha estrutura da casa...


Sabia que Amália  tinha 1,58 m e usava grandes plataformas que chegavam a ter 17cm de altura para parecer mais alta?

Pode ver estes sapatos e muitos outros (cerca de 200, pois adorava sapatos), assim como muitas roupas usadas por Amália. Consta que um dos primeiros walk in closet em Lisboa foi feito para Amália...

Em casa usava sempre kaftans ou balandraus. E que bonitos padrões...



Quer espreitar a casa? Veja aqui:

https://www.cmjornal.pt/DataJournalism/static/amalia_100anos/hall-de-entrada.html#modal_hall_01

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