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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Em Busca da Marquesa de Alorna

 


Depois da visita que fiz recentemente ao Palácio Fronteira, onde se encontram os originais dos conhecidos retratos da Marquesa de Alorna, lembrei-me que tinha o romance histórico baseado na vida da Marquesa de Alorna e ainda não o tinha lido, apesar de ter sido publicado em 2011. Comecei a ler e entusiasmei-me a tal ponto que me apeteceu visitar a Quinta da Alorna em Almeirim; e o convento de Chelas, em Lisboa, onde estiveram enclausuradas, por ordem do Marquês de Pombal, a Marquesa de Alorna e as suas filhas D. Leonor (a heroína do romance e uma das mulheres mais influentes da História da Literatura Portuguesa) e D. Maria de Almeida.

O meu objetivo era modesto, tirar apenas uma fotografia à distância da casa construída no século XVIII para ilustrar este post. Mas tive muita sorte. Dirigi-me ao escritório e informaram-me que não podia entrar na parte privada da quinta, porque estava a ser filmada uma série de televisão adaptada do romance de Maria João Lopo de Carvelho. Desapontada  expliquei que só pretendia ver a casa de longe (aliás, não são permitidas visitas ao seu interior). Disseram-me então que esperasse uns minutos, porque iam fazer um telefonema. Daí a pouco uma simpática senhora veio ter comigo e o meu marido para nos levar até ao solar através de uma bonita e refrescante alameda de plátanos. Perguntou-me ainda se eu tinha o livro, porque a escritora estava em casa e podia autografá-lo...






Nas traseiras da casa um jardim francês com muitos acantos


"Os primos já conversavam ruidosamente, lembrando os tempos em que jogavam à apanhada entre os buxos, no jardim das traseiras" (pag 186)


A entrada principal 







Com a escritora Maria João Lopo de Carvalho











"à chegada, pediu que a deixassem na capela do palácio, queria agradecer a Deus aquele momento... D. Mariana de Atouguia, a sós na capela, rezava com fervor..." (pag 186)



A Quinta da Alorna com uma área total de 2.600 hectares, encontra-se dividida em 3 diferentes áreas: vinha, produção de milho, batata, batata doce, amendoim, ervilhas e feijao frade, além da área florestal com montado de sobro, de onde retira a cortiça, pinhal manso para produção de pinhão e eucaliptos para pasta de papel.

Enorme ombu com 300 anos. O arbusto que mais parece uma árvore é oriundo das pampas, na América do sul e é conhecido por Bela Sombra 
 
"Após ter conquistado a resistente Praça Forte de Alorna nas vizinhanças de Goa, onde exercia o cargo de Vice-Rei, D. Pedro de Almeida recebeu do Rei de Portugal, D. João V, o título de 1º Marquês de Alorna.
D. Pedro de Almeida foi avô de D. Leonor, IV Marquesa de Alorna – a poetisa Alcipe. Nessa altura (1723) a quinta, pertencente ao Marquês de Alorna, era conhecida por quinta de Vale de Nabais.
Muitos anos mais tarde, duas das filhas da Marquesa de Alorna venderam a “Quinta dos Alorna” (assim era chamada) aos condes da Junqueira, e os herdeiros alienaram-na em hasta pública, passando-a para as mãos do Dr. Manuel Caroça – bisavô dos atuais acionistas – respeitável médico-dentista, corretor de mercadorias e homem de grandes negócios que acabou por tornar-se no único proprietário da Quinta da Alorna.
A Quinta da Alorna, conta com 300 anos de história e está há cinco gerações com a família Lopo de Carvalho."
https://alorna.pt/quem-somos/

Na segunda etapa do meu percurso ao encontro da Marquesa de Alorna fomos ao antigo Convento de Chelas, hoje em dia o Arquivo Histórico Militar. Aí vimos a cela onde ficou instalada. Nos dias anteriores tinha lá estado a equipa de filmagem e, em pouco tempo, retiraram tudo o que estava dentro daquela divisão e decoraram a rigor para criar o cenário para as filmagens. A série baseada na obra de Maria João Lopo de Carvalho só deverá começar a ser transmitida na RTP1 para o ano e conta com algumas das mais conhecidas atrizes portuguesas.





Porta principal do Convento de S. Félix em Chelas


Claustro do Convento


Azulejos com motivo de camélia, como encontramos no Palácio Fronteira



Porta de entrada para a cela onde viveu a Marquesa de Alorna











Sozinha no bosque
Com meus pensamentos.
Calei as saudades,
Fiz trégua a tormentos.

Olhei para a Lua,
Que as sombras rasgava,
Nas trémulas águas
seus raios soltava.

Naquela torrente
Que vai despedida,
Encontro assustada,
A imagem da vida.

Do peito, em que as dores
Já iam cessar,
Revoa a tristeza,
E torno a penar.


Marquesa de Alorna (1750-1839)
(Dona Leonor de Almeida de Portugal Lorena e Lencastre, Condessa de Assumar e de Oeynhausen) " Alcipe"
M. Ema Tarracha Ferreira. Textos literários séculos XVII e XVIII. Editorial Aster, 1966

O sacerdote Francisco Manuel do Nascimento, mais conhecido por Filinto Elísio (1734- 1819) começou a frequentar o convento para ensinar latim a Leonor e música à sua irmã. Foi ele que a batizou com o pseudónimo de "Alcipe" - nome de uma das filhas de Marte, o deus romano da Guerra . Também a ele se devem as precoces tendências filosóficas, científicas e progressistas da Marquesa de Alorna, emprestando-lhe muitos dos livros, cujas leituras a terão influenciado.

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