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sábado, 8 de julho de 2017

Quando é que nos tornamos velhas?

 A atriz Olivia de Havilland fez 101 anos a 1 de julho de 2017 


Olivia de Havilland ficou conhecida pelo seu desempenho no filme As Aventuras de Robin Hood, de 1938, em parceria com Errol Flynn e E Tudo o Vento Levou de 1939. Foi uma atriz muito premiada e recebeu 2 Óscares - melhor atriz. Vive em França desde 1950. Apesar da sua sua última atuação ter sido em 1988, continua ativa: em 30 de junho de 2017, entrou com uma ação judicial contra a série Feud, pelo uso indevido da sua imagem, invasão de privacidade, enriquecimento ilícito e danos morais. (Olivia de Havilland é interpretada por Catherine Zeta-Jones). Apesar da sua idade continua linda.


A minha amiga S. fez 95 anos em maio e continua muito jovem de espírito. Anda sempre impecavelmente vestida, ainda assiste a reuniões de negócios e joga bridge. Só tem algumas dificuldades motoras. Fiquei muito sensibilizada com o almoço que deu em sua casa para se despedir de mim, pois sei que não gosta de cozinhar e só muito raramente o faz.

Acho que se tivermos um objectivo na vida, seja ele brincar com os netos, viajar, estar com os amigos, ter um trabalho empolgante e não sofrermos de nenhuma dooença podemos manter um espirito jovem por muito mais tempo. Quando era criança as pessoas da minha idade actual vestiam-se de maneira mais pesada e a partir de certa idade já não se divertiam, porque, diziam, já não tinham idade para isso e se por azar eram viúvas usavam cores escuras por muito tempo ou até para sempre.
Uma das coisas que gostei de ver nos Estados Unidos foi o facto das pessoas não pararem de viver após a reforma; ao contrário, como que recomeçavam a vida, quando se reformavam. Tinha uma vizinha que começou a ter aulas de piano e a andar de bicicleta, porque antes não tinha tempo e lembro-me ainda de uma senhora de 80 anos andar no dentista a fazer um implante total ...

Não posso dizer que me sinto igual a 10 anos atrás. As quedas que dei aqui deixaram algumas sequelas e às vezes à noite ainda me dói um pouco o braço, quando estou deitada. Também ando muito mais devagar, pois não quero que aquele episódio da queda se repita.

 No entanto, passaram-se certas situações que me levaram a pensar já não ser jovem.



A primeira, foi ao pagar um presente e o homem da caixa perguntou se o cartão era para pagar só a minha compra ou também a do meu filho. È claro que não era filho nenhum a pessoa que estava ao meu lado. Tem uns bonitos cabelos brancos e 51 anos...

A segunda vez foi no dia da Madeira - um homem perguntou -me, ingenuamente, se quando eu era nova já existia fogo de artificio na Madeira, na passagem do ano. Fartei-me de rir e perguntei se me estava a chamar velha. Ficou muito embaraçado e então respondi lembrar-me sempre de haver fogo de artificio, desde criança.

A terceira vez foi há pouco tempo, quando veio a Caracas um político. Logo que me viu disse que eu parecia muito mais nova (tinha-o conhecido no ano anterior). Agradeci, o que supus ser um elogio, mas cá com os meus botôes pensei: ninguém fala da idade com aquele tipo de conversa, se não mostrarmos sinais da passagem do tempo...e depois, tratou-se de um comentário tonto de alguém que mal conhecemos...





Estes "elogios" fazem-me sempre lembrar um advogado americano, cujo escritório era no mesmo prédio, onde trabalhava o meu marido, pois um dia ao ver-me com a minha filha disse que parecíamos irmãs. Eu até achei graça, mas a minha filha mostrou depois um ar antipático e ao perguntar-lhe o que se passava, disse-me: "olha, ele não vê que está a ser indelicado comigo, pareço uma mulher com quase 50 anos?"









E julgo que a minha sogra tem toda a razão, ao dizer que culpamos o tempo, mais frio ou mais calor, quando nos queixamos de alguma maleita, para não nos referirmos à verdadeira razão de uma qualquer dor: a idade.








No fundo, no fundo o que importa é desfrutar seja qual for a etapa da vida em que nos encontramos, até porque mais velhos quer dizer que aprendemos mais e portanto devemos saber aproveitar melhor todos os momentos, não é?  




1 comentário:

  1. O importante é viver um dia da cada vez.
    penso que o importante é a idade do espírito...apesar da idade física por vezes faz-nos algumas surpresas menos agradáveis.
    É certo que por vezes não sentimos vontade de sair, passear (pois sentimos a flata de alguém com quem fazíamos isso)...e por isso temos que procurar um novo sentido para a vida e nem sempre é fácil.

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