No jantar na passada sexta-feira estivemos a falar sobre a ópera, que foi recentemente criada sobre a vida do mais conhecido faraó, Tutankhamon. Será estreada na abertura do Grande Museu do Cairo, em 2020. O libreto foi escrito pelo ex-ministro egípcio das Antiguidades Zahi Hawass e Francesco Santocono e a música é de Lino Zimbone.
Uma das cenas é a tentativa de assassínio de Tutankhamon pela Rainha Nefertiti. A ideia será mostrar esta ópera também no Vale dos Reis, em 2022, quando se comemoram os 100 anos da descoberta do túmulo daquele faraó por Howard Carter.
Com o entusiasmo alguém referiu que a inauguração do novo museu será um espetáculo grandioso semelhante à abertura do Canal do Suez, que fez ontem 150 anos e para a qual foi encomendada a ópera Aida de Verdi. Realmente foram muitas as festividades, que marcaram o arranque daquele canal no dia 17 de novembro de 1869, que permitiu a navegação entre a Europa e a Ásia, sem ter de contornar África. Eça de Queirós assistiu à inauguração e no seu livro "O Egito - Notas de Viagem", relata as suas impressões daquele país na época.
No entanto aqui é que reside a maior controvérsia. A estreia mundial da opera Aida aconteceu na Khedivial Opera House, no Cairo, em 24 de dezembro de 1871, dois anos depois da inauguração do canal.
O edificio da ópera do Cairo, o primeiro em África, foi construído para celebrar a inauguração do Canal de Suez (em 1971, ficou totalmente destruido por um incêndio). A primeira ópera ali apresentada foi Rigoletto de Verdi, no dia 1 de novembro de 1869.
Verdi foi realmente contactado para compor um hino, não uma ópera, para a inauguração do Canal do Suez, mas recusou. O célebre compositor italiano não assistiu à estreia da ópera Aida dizendo no gozo que "tinha medo de ser mumificado"*
Referências:
*Carolyn Abbate e Roger Parker. A History of Opera. The last 400 years. Penguin 2015 (pag 383)
Sem comentários:
Enviar um comentário