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quarta-feira, 31 de maio de 2023

O Museu de História de Arte revisitado

 

Kunsthistorisches Museum em Viena foi inaugurado a 17 de novembro de 1891 pelo Imperador Francisco José.

A monumentalidade do edifício inserido no grande projeto de desenvolvimento de Viena, tinha também o objetivo de competir, quer pelo seu recheio quer pela sua extensão, com o Louvre (1793), além de reunir a grande  coleção de arte da dinastia Habsburg, prestigiando-a junto do público. 

Desde meados do século XVI os Habsburgos tiveram três residências independentes: Viena ou Praga, Innsbruck e Graz. Praga e Innsbruck tiveram o papel mais importante no desenvolvimento da coleção imperial de arte. No entanto, Viena ganhou proeminência cultural a partir do século XVII, quando uma  grande coleção de arte foi transferida de Bruxelas para Viena.

Robert Raschka, A inauguração do Museu


Já no tempo de Maximiliano I (1459-1519) existia um tesouro na dinastia Habsburgo. Consistia em obras de arte e jóias.

Joos Van Cleve. Maximiliano I (1508-9). Este imperador era filho de Frederico III e Leonor de Portugal.
O cravo na mão significava compromisso. Pode ser uma referência a Bianca Sforza, que se tornou a sua segunda mulher. Dürer também pintou um retrato de Maximiliano I.

O Imperador Rudolfo II (1552-1612) fez de Praga o centro da sua coleção de arte, a qual era das maiores na época. Adquiriu a maior parte das pinturas de Dürer existentes no atual museu.

Hans Von Aachen, O Imperador Rudolfo II (1606-8)


Gosto muito deste quadro de David Teniers, o Jovem, sobre a Galeria do Arquiduque Leopoldo Guilherme em Bruxelas. Aqui vê-se o Arquiduque a falar com o pintor. 

Leopoldo Guilherme, vice-rei dos Países Baixos espanhóis foi um dos maiores colecionadores de arte e fundador da Galeria de Pintura. Meticulosamente, catalogou as suas obras e o inventário apresentava 1400 pinturas, que foram guardadas no Stallburg, edificio que fazia parte do palácio Hofburg (hoje em dia, parte da Escola de Equitação Espanhola).

Nesta obra monumental de Francesco Solemena (1728), o diretor dos edifícios imperiais apresenta ao Imperador Carlos VI o inventário da coleção de arte imperial.

Anton Von Maron, Maria Teresa Viúva (1773);  Pompeo Batoni, O Imperador José II com o Grande Duque Leopoldo da Toscânia (1769), seu irmão e futuro Leopoldo II.

Depois da dissolução dos Jesuítas (1773) Maria Teresa conseguiu adquirir cinco enormes pinturas de Rubens, altares de igrejas em Antuérpia e Bruxelas.

Fez encomendas a Bernardo Bellotto (também chamado Canaletto como o tio) para pintar as vistas mais famosas de Viena e os palácios imperiais.


Monumento a Maria Teresa  junto ao museu.



A Sala de Rubens
A Sala dos Canalettos
(Quando visitei Dresden, o ano passado, vi uma grande exposição sobre Bernardo Bellotto na Galeria dos Mestres Antigos)

A Imperatriz Maria Teresa casou com o Duque Francisco de Lorena, a quem Viena deve a sua coleção de tapeçarias.

Foi a Imperatriz e o filho que mandaram instalar a coleção de arte no palácio Belvedere, a qual, através de decreto imperial, passou a estar aberta ao público a partir de 1781.





Mais tarde, o penúltimo Imperador da Áustria, Francisco José tratou de reunir a coleção de arte imperial dos Habsburgos, muito dispersa, no Museu de História de Arte de Viena, criado para esse fim. 

Gostei muito deste museu quando o visitei há dois anos, ainda durante a pandemia. O meu marido e eu pensámos que deveriamos voltar para dedicar mais tempo às suas obras de pintura. No passado sábado ficámos 5h e almoçámos lá. Valeu muito a pena.


Em 2021 a escultura de Canova Teseu vencendo o Centauro ainda estava com máscara...

Agora o café está aberto e servem-no seguindo a etiqueta Habsburgo- com um copo de água para neutralizar o palato e uma colher virada ao contrário, que indica que é fresca.



Como grande museu no tamanho e na sua coleção, o Museu de História de Arte de Viena tem um Vermeer- A Arte de pintar, um Rafael- Nossa Senhora do Prado, um Pieter de Hooch e muitos outros quadros que admirei atentamente. 




Contudo houve um que me tinha passado despercebido, na visita anterior: Um espetacular Bronzino- A Sagrada Família com Santa Ana e S. João.


A coleção de Bruegel é fantástica. Torre de Babel (1563)


O grande colecionador de arte e das obras de Bruegel, o Arquiduque Leopoldo Guilherme por Peter Thys.



Autorretratos:


Rubens 1638, Rembrandt 1657.


Muito interessante este altar de Dürer, onde o pintor faz o seu autorretrato no canto inferior direito. Antes não tinha reparado neste pormenor...

Figuras históricas:


Rubens, Filipe o Belo (1618) e Carlos o Temerário


Rubens, Infanta Isabel Clara Eugénia (1620) e Arquiduque Alberto VII
O arquiduque casou com a filha do rei Filipe II de Espanha e tornaram-se regentes dos Países Baixos Espanhóis. Fizeram muitas encomendas a Rubens, pintor da corte.

Anthonis Mor, Gravelle (1549) e Van Dyck, Nicolas Lanier (1632)
Gravelle era filho do poderoso ministro de Carlos V, Gravelle.
Nicolas Lanier era mestre de capela da corte e o curador das coleções de arte de Carlos I de Inglaterra.


Anthonis Mor, Ana de Áustria, Rainha de Espanha (1570)
A filha mais velha do Imperador Maximiliano II casou com o tio- Filipe II de Espanha, tornando-se a sua quarta mulher.O estilo do pintor da corte Anthonis Mor tornou-se o padrão até Velázquez.
Joos Van Cleeve. Leonor de Àustria, Rainha de Portugal e de França (c.1530)
Leonor de Áustria foi casada com D. Manuel I. Depois de viúva casou com o rei de França.

Michiel Sittow, Catarina de Aragão? (1503); Holbein, Jane Seymour ( c. 1536)


Marcello Bacciarelli. A arquiduquesa Cristina (c. 1760) Era a filha favorita da Imperatriz Maria Teresa. Casou com o duque Alberto de Saxe-Teschen. Os dois deram o nome ao Museu Albertina, cujo nome deriva da junção de Alberto com Cristina.
Vigée Le-Brun, Maria Antonieta, Rainha de França (1778). Era também filha da imperatriz Maria Teresa.

O Museu chama-se História de Arte e  praticamente todos os nomes dos pintores mais famosos da história da arte, durante a dinastia Habsburgo até ao fim do século XVIII, estão representados.



A coleção de pinturas de Velázquez é fantástica.







Antonio Cal «Canaletto», Veneza (1724?)


Hans Holbein, o Jovem, Dirck Tybis (1533); Barthel Beham, Retrato de um Homem a fazer as contas (1529).


Frans Snyders, Mercado de Peixe (c. 1620-30)


Hans von Aachen e um tema muito habitual na época: A Alcoviteira (c.1605)

Vermeer também pintou um quadro sobre este tema e na exposição sobre Vermeer em Delf estava a alcoviteira de Dirck van Baburen, representada no fundo de alguns quadros de Vermeer.


As Câmaras de Curiosidades estavam muito em moda na Renascença. Aqui uma obra de Frans Francken, o Jovem, de 1620.


No Palácio Ambras, em Innsbruck vi uma verdadeira Cámara de Curiosidades com muitas excentricidades.


Bosch, Cristo carregando a Cruz (1510)

Muitos quadros de Cranach estavam numa exposição intitulada Baselitz Mestres do Nu. Perto do fim da nossa visita soou um alarme, os vigilantes ficaram em alvoroço e a polícia foi chamada. A sala foi encerrada. Não vi em detalhe; mas como foi por onde entrei, depois do almoço, reparei que o pintor contemporâneo alemão Baselitz fez algumas escolhas de nus do museu, às quais juntou algumas obras suas.

Este post está mais longo do que o habitual...fiquei entusiasmada. Termino com a conhecida Familia do Imperador Maximiliano I de Bernhard Strigel de cerca de 1515. Dedico este post à minha irmã, que não teve oportunidade de visitar este museu. Fomos ao Albertina, Belvedere e o Museu de História de Arte de Viena ficou para último, para ser a cereja no topo do bolo, mas infelizmente adoeci e não fomos...


Se alguma vez regressar espero recordar-me que já temos o catálogo e a história do edificio em duplicado... 


Foi um sábado muito bem passado: ida a Viena só para rever este museu.


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