O Mosteiro do Varatojo foi fundado por D. Afonso V em 1470, em cumprimento de uma promessa que fez a Santo António e em ação de graças pelas conquistas alcançadas do norte de África. As obras correram céleres e, a 4 de outubro de 1474, foi inaugurado com a entrada de 14 religiosos vindos de outro convento franciscano em Alenquer.
Para cativar a simpatia dos lavradores reduziu o tributo chamado jugada, um imposto de 40 alqueires por cada junta de bois, passando a pagar apenas metade pelas parelhas que desejassem possuir os que fossem proprietários e apenas 6, os que lavrassem terras alheias. Comprou ainda a quinta destinada aos religiosos, a atual cerca.
Busto de D. Afonso V na Galeria dos Reis do Palácio Fronteira , no Museu Militar de Lisboa e no Museu do Hospital das Caldas da Rainha
A mais importante e prestigiada ordem honorífica portuguesa a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito foi criada pelo Rei D. Afonso V, em 1459, constituindo, desde o seu início, a mais alta Ordem de Cavalaria do Reino de Portugal.
O monarca fundador dedicava grande afeição ao local e aqui se recolhia frequentemente. Segundo a tradição, a janela do canto, à entrada do convento correspondia aos seus aposentos. Daqui, D. Afonso V falava aos pobres e distribuía-lhes esmolas. Aliás, D. Afonso V, o Africano, morreu em 28 de agosto de 1481 em Lisboa, no início desse mês tinha estado, uma vez mais, no Convento do Varatojo.
No átrio de entrada destaca-se o baixo-relevo gótico com as armas reais e o emblema de D. Afonso V, o rodízio cercado pelo cordão de S. Francisco e a decoração múdejar do teto.
Retratos de D. João III e D. Catarina da Áustria atribuídos a Cristovão Lopes
Em meados do século XVI, após o terramoto de 1531, o rei D. João III restaurou e ampliou o convento e D. Catarina ergueu a atual capela-mor da igreja. São por isso considerados os segundos fundadores.
A igreja é composta por apenas uma nave. As paredes são decoradas por painéis de azulejos do século XVIII, alusivos à confissão.

Os altares laterais são de talha dourada, como este de Nossa Senhora da Conceição, porém é o altar mor que merece maior destaque.
As paredes do fundo são preenchidas com um monumental retábulo de talha barroca, com quatro colunas salomónicas ornadas de anjos e aves e, ao centro, uma grande tela: A Entrega do Menino a Santo António da autoria de Vicenzo Baccarelli (1672-1745), que para ali foi encomendada, entre 1734 e 1737, pelo Morgado da Torre de Giesteira. Baccarelli foi o introdutor da técnica trompe-l’oeil em Portugal.
As paredes são revestidas de azulejos, representando cenas da vida de Santo António.
Do Claustro abre-se um portal manuelino ornado de grandes florões, que dá acesso a uma dependência forrada de azulejos do século XVIII do tipo ponta de diamante.
A casa do capítulo tem azulejos do século XVIII
Com a extinção das Ordens Religiosas e a expropriação de todos os seu bens em 1834, (decreto assinado por D. Pedro IV) a comunidade de franciscanos do mosteiro foi dispersa. Alguns anos mais tarde, em 1845, o convento foi vendido em hasta pública ao Barão da Torre de Moncorvo, Embaixador de Portugal em Londres. O espaço acabou por voltar para a posse dos frades franciscanos, que compraram o mosteiro ao herdeiro do barão em 1861.
Os religiosos do Varatojo voltaram a perder o mosteiro depois da implantação da República, sendo forçados a abandonar o espaço, ainda no ano de 1910. O mosteiro era então transformado em asilo de idosos. A comunidade franciscana só voltou a ocupar o mosteiro em 1928, no ano em que o Governo português entregou o espaço às Missões Franciscanas Portuguesas, mantendo-se na sua posse até hoje.
Referências:
Frei Bartolomeu Roberiro,O.F.M. Convento de Santo António de Varatojo. 2005
Tesouros Artísticos de Portugal, 1980
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