Eu não sabia quem era, mas acabei de ler a sua biografia. Não se pode chamar bem biografia, mas sim "romance histórico contado na primeira pessoa", uma condição para que a autora, Ana Anjos Mântua, licenciada em História e coordenadora da Casa- Museu Dr Anastácio Gonçalves, visse a sua pesquisa publicada pela editora Manuscrito (2017) com o título A Americana Que Queria Ser Rainha de Portugal.
Como a minha irmã sabe que gosto muito de ler biografias, um género literário pouco cultivado em Portugal e sou uma admiradora do pequeno museu, que mostra as coleções daquele médico oftalmologista, na sua própria casa (perto da MAC), resolveu comprar-me o livro. Gostei de ficar a conhecer Nevada Hayes, que se tornou duquesa do Porto, após o casamento com D. Afonso de Bragança, irmão de D. Carlos I e tio do último rei de Portugal, D. Manuel II.
Nevada Hayes (1870-1941) nasceu no Ohio oriunda de uma família humilde. Cedo ambicionou ter outro tipo de vida, nem que para isso tivesse de mentir, começando pelo próprio ano de nascimento, que dizia ser 1885. Do primeiro casamento teve um filho. Abandonou-o cedo, ainda muito criança, pois não se sentia preparada para ser mãe. Herdou uma fortuna do segundo marido bastante mais velho, o que lhe permitiu viver a vida que sempre sonhara, entre os Estados Unidos e a Europa. Começa a ser alvo dos caça-fortunas, como é exemplo o seu terceiro marido, com quem passa pouco tempo junto, pedindo logo o divórcio. Numa das viagens a Portugal conhece o Infante D. Afonso em Sintra, com quem vem a casar mais tarde (1917). No entanto, esse casamento não foi reconhecido pela Casa Real Portuguesa no exílio. Nevada era milionária e o marido não possuía fortuna. Talvez na sua ambição lhe faltasse um titulo, que veio a alcançar, o de duquesa do Porto. D. Afonso morre três anos mais tarde e Nevada Hayes inicia uma grande batalha para conseguir que o corpo do seu marido regresse a Portugal, como era seu desejo e seja transladado para o Panteão dos Bragança. Mais tarde, acabou por herdar muitas jóias e quadros, provando pertencerem ao marido e não ao estado português.
Quando regressou aos Estados Unidos o seu primeiro marido estava muito doente e morreu pouco depois, mas deixou-lhe também avultada quantia em dinheiro, pois entretanto enriquecera ao registar a patente de uma máquina, que dobrava jornais.
Nevada morreu na Florida. As peças antigas portuguesas, que faziam parte da sua herança, são, depois, dispersas e vendidas separadamente...por exemplo, uma delas, conforme a biografia, está atualmente no Museu Britânico.
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