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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Recordando a época Georgiana


Carlton House

A Era Georgiana é uma época que me fascina, desde os tempos da Faculdade e por isso gostaria de visitar a exposição sobre Jorge IV reaberta, depois do confinamento, no Palácio de Buckingham: "George IV: Art & Spectacle". O nome tem origem nos reinados dos quatro primeiros Reis da Casa de Hanover: Jorge I, Jorge II, Jorge III e Jorge IV e abrange o período de 1714 a 1830.

Com a morte da Rainha Ana, que não deixou descendentes, subiu ao trono Jorge I, que nasceu em Hanover e nunca foi capaz de se exprimir na língua inglesa. A política nacional era da exclusiva responsabilidade do governo e Sir Robert Walpole tornou-se o primeiro Primeiro Ministro da Grã- Bretanha. O seu filho, Jorge II, nasceu na Alemanha e aprendeu inglês, porém passava grandes temporadas em Hanover para desagrado dos britânicos.
Sucedeu-lhe o neto, Jorge III, o primeiro monarca, desde a Rainha Ana, a nascer em Inglaterra, cuja língua mãe era a mesma dos seus súbditos ingleses. Governou durante 60 anos e é o terceiro monarca com o reinado mais longo, a seguir à atual Rainha e à Rainha Vitória. Durante o seu reino: a Inglaterra derrotou a França na Guerra dos Sete Anos; em 1815, venceu Napoleão na batalha de Waterloo; e as colónias americanas declararam a sua independência, a 4 de julho de 1776. Foi o primeiro a ser intitulado Rei do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Surgiram grandes nomes da literatura como por exemplo Jane Austen, Byron, Shelley, Keats e Wordsworth. Nos últimos 9 anos do seu reinado Jorge III começou a sofrer de problemas mentais e o seu filho herdeiro, o futuro Jorge IV, tornou-se regente.

Jorge IV foi um rei odiado pelos ingleses devido ao seu egoísmo, preguiça, vida depravada, excessivo esbanjamento e gula - nos últimos anos de vida engordou tanto, que já nem conseguia sair.
Este ano comemoram-se os 200 anos da sua subida ao trono.


O termo "Georgiano" é utilizado sobretudo num contexto socio-cultural referindo-se a gostos  nas  artes, hábitos e modas.

Mesmo quem conhece pouco desse período tão marcante, admira o estilo Georgiano, patente nas fachadas das casas, principalmente nas portas coloridas de cidades como Londres, Dublin ou Boston. Aliás, é um período que as crescentes riquezas do império e do início da revolução industrial provocam rápida expansão urbana, coincindo com o aumento de riqueza aristocrática e o alargamento de uma burguesia cada vez mais consumidora e ávida de estatuto social.
                                                                     Dublin 2006
   




Uma das portas Georgianas mais famosas é em 10 Downing street, mas uma das mais bonitas foi onde já vivi...





As portas clássicas são almofadadas (4 "almofadas" maiores e 2 mais pequenas em cima ) e possuem um leque de vidro, que deixa entrar a luz.


Da herança de Jorge IV, os palácios que criou, decorou ou renovou são os mais visíveis, hoje em dia.

  
Pavilhão Real de Brighton  com o seu desenho oriental e exótico

Os Castelos de Windsor e Buckingham tiveram também intervenções suas.
O Pavilhão Real em Brighton foi criado para ser a sua residência de verão. Em 1978, quando vivi  cerca de um mês em Brighton não o visitei, o que lamento hoje em dia.

Carlton House era a "casa" de Londres e embora tenha sido demolida no seu próprio reinado, por se ter tornado inadequada para as suas necessidades,  as numerosas aguarelas fazem prova do seu esplendor.



Jorge IV adorava moda e design. Quanto mais ostentação e extravagância melhor.
A sua coroação foi a mais cara em toda a história britânica, custando uma fortuna, numa altura que se vivia com privações resultantes das guerras.
O fato feito para a coroação está em exibição na exposição.
O manto de veludo de seda debruado a arminho mede mais de 5 metros e precisava de 8 homens para o carregarem, na coroação, em vez dos habituais 6.


O coche dourado puxado por oito cavalos tem sido utilizado em todas as coroações, desde Jorge IV.


O Diadema de Diamantes foi uma encomenda de Jorge IV para a sua coroação. Tem sido modificado: a rainha Vitória usava-o muito e também a Rainha Isabel II na abertura do Parlamento.


Este elegante cavalheiro (termo como era conhecido quando era regente) está na exposição. Jorge IV adorava cavalos e encomendou este quadro ao pintor George Stubbs, em 1791.






A Princesa Carlota, única herdeira de Jorge IV casou com Leopoldo, o primeiro rei dos belgas. Morreu ao dar à luz o primogénito do casal


Era um grande apreciador da obra de Walter Scott.
Em 1822 fez uma visita à Escócia organizada pelo escritor, marcada por muita pompa e cerimonial dos Highlands e o retorno dos tartans, que tinham sido abolidos depois da Revolta dos Jacobitas, em 1745.

Tanto no seu papel como Príncipe Regente, como a partir de 1820, como Rei, Jorge IV comprou obras de arte, textéis, mobiliário, livros e louças em grandes quantidades criadas pelos melhores artistas da época, na tentativa de afirmação da sua importância.


Escudo de armas de Jorge IV num jarro de porcelana na loja de souvenirs do palácio de Buckingham.

Como mencionei no post antigo O estilo inglês, os estilos de mobiliário tinham o nome dos monarcas. O estilo georgiano é caracterizado por uma elegância de linhas, como demostra este sideboard e por isso nem tudo foi ostentação.

Durante mais de um século, ao longo do mesmo período, houve uma crescente preocupação pelo conforto das residências. E a maneira de dividir os interiores das nossas casas, assim como muito do tipo de mobiliário utilizado hoje em dia, começou a aparecer nesses tempos do século XVIII e princípios do XIX, constituindo a época georgiana um exemplo notável dessa tendência.

 A propósito, Jorge IV nasceu em 12 de Agosto de 1762. 

Referência:
royalcollectiontrust






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