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quarta-feira, 8 de junho de 2022

A história, a política e os monumentos

Os monumentos, em especial as estátuas, não são apenas objetos estéticos. Dão forma à paisagem dos espaços públicos, estabelecem um sentido político e, pretendendo ser recordações no futuro, comunicam mensagens associadas à celebração ou contestação do passado.  Podem, no entanto, ser submetidas a diferentes interpretações.


No centro histórico de Bratislava existe um monumento ao herói eslovaco Ľudovít Štúr. Foi inaugurado em 1972, em pleno regime comunista. O autor  foi Tibor Bártfay (1922 - 2015) um conceituado escultor eslovaco, autor de diversas obras na capital (no Slavin, monumento aos soldados soviéticos mortos na libertação de Bratislava em 1945, no Palácio Presidencial e no Castelo de Bratislava).

No local, onde agora se encontra este monumento esteve outro, muito imponente da Imperatriz Maria Teresa. No museu da cidade vi fotografias e achei-o muito bonito. Na cidade onde foi coroada, em 1741 e é tradição haver um cortejo histórico, que procura reconstruir a sua coroação com muitos figurantes vestidos à moda do século XVIII, seria natural haver um grande monumento em sua memória. Acontece que os últimos anos da dinastia dos Habsburgos não foram felizes para a população e, em 1921, a recém formada república da Checoslováquia ordenou que a sua estátua fosse destruída. 




O monumento à Imperatriz era dos mais fotografados e o orgulho de muitos. O seu autor era o genial Ján Fadrusz, nascido em Bratislava e também autor do monumento a Matias Corvino, em Cluj Napoca, a segunda cidade da Roménia. Este último monumento, inaugurado em 1902, quando essa cidade romena era parte da Hungria, como aliás a capital da Eslováquia, ainda está lá...talvez porque Corvino ali nasceu, em 1443. 



Depois da destruição da estátua de Maria Teresa em mármore de Carrara decidiram colocar no mesmo local, em 1938, outra personalidade histórica: Stefanik,  importante herói e político eslovaco.







Contudo, representava os ideais de uma  Checoslováquia unida, pelo que  autonomistas eslovacos resolveram também demoli-la ou porque Stefanik tinha opiniões contra o comunismo. Devido à primeira ou à segunda razão, em 1954, o regime comunista checoslovaco tomou a decisão de a fazer explodir.

Assim, entre 1954 e 1972, no local daquelas duas estátuas esteve apenas um canteiro de flores; porém, naquele último ano encontraram outro herói: o de Ľudovít Štúr, que permanece, até hoje em dia. Eis um exemplo tipico de como regimes politicos mudam monumentos...

Após a independência da Eslováquia, acharam que faltava na cidade um monumento a Maria Teresa e então encomendaram à escultora Martina Zimanová  uma estátua em bronze (em mármore de Carrara seria talvez incomportável) baseada na antiga estátua equestre, mas apenas com um terço do tamanho. A sua colocação não esteve ausente de polémica, pois foi mandada retirar da importante praça, em frente ao hotel Carlton e atualmente está junto ao rio Danúbio.
 



No jardim do palácio presidencial também há uma pequena estátua. Não consegui descobrir quando foi inaugurada, de resto não há na cidade uma praça ou rua com o nome da Imperatriz.









E o Stefanik? Desde 2009, tem a sua enorme estátua também na margem do  Danúbio, junto da ponte velha e em frente do novo teatro.















Referências:

https://enrsi.rtvs.sk/articles/news/159036/bronze-statue-of-maria-theresa-displayed-in-bratislava
consultado em 7-6-2022

https://spectator.sme.sk/c/20928876/bratislava-recalls-its-almost-forgotten-sculptor.html
consultado em 6-6-2022

https://spectator.sme.sk/c/20784775/statue-of-maria-theresa-deemed-unsuitable-for-bratislava-city-centre.html
consultado em 6-6-2022

https://www.thefreelibrary.com/Maria+Theresa+may+again+have+a+monument+in+Bratislava-a0529346546
consultado em 6-6-2022

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