O ano passado, quando visitei Corfu, notei que havia muitas ligações de barco a Saranda e fiquei com curiosidade de ir conhecer o sul da Albânia e tomar banho nas águas tépidas do mar Jónico.
Embarcámos na 5a feira num dia com muita chuva e quando chegámos ao hotel recebemos mensagens no telemóvel, que se aproximava uma grande tempestade e era melhor não sair...
Da sala de jantar viamos o céu cada vez mais carregado cheio de relâmpagos e com estrondos de trovoada cada vez mais próxima e já não deixavam as pessoas sentarem-se na fila junto ao parapeito da varanda aberta do restaurante...
No dia seguinte, apesar de ainda chuvoso, a tempestade já tinha passado. Partimos para o parque nacional de Butrint...
Butrint oferece-nos uma viagem através de diferentes épocas da história, desde o século VIII BC passando por testemunhos Helénicos, Romanos, Bizantinos, Venezianos e Otomanos...
A maioria dos monumentos no parque arqueológico de Butrint foram descobertos por uma missão arqueológica, nos finais dos anos 20 do século XX, dirigida pelo italiano Luigi Maria Ugolin, que trabalhou com a sua equipa, durante quase uma dezena de anos.
Torre veneziana construída nos séculos XV e XVI
O Batistério é dos monumentos mais fascinantes. O chão está coberto por mosaicos como se vê na fotografia, mas cobertos com pequenas pedras para proteção. De tempos a tempos são postos a descoberto para análise e encanto do público.
Um pequeno coração original do século VI deixado de fora...
A Grande Basílica, século V
O notável sítio arqueológico fica dentro de um grande parque ecológico ao redor de um grande lago...
O Grande Lago
O guia Gert Hoxha, pessoa muito simpática, com uma licenciatura em História, chegou a trabalhar em escavações em Butrint. Disse-nos que esta era uma Árvore de Judas. Sabia que essas árvores têm a particularidade de nos troncos crescerem flores, mas ele nunca a viu florida..
Perto de Butrint fica a bela praia de Ksamil com uma areia macia. Fomos só visitar, mas gostei mais desta zona do que a do nosso hotel, que apesar de ter praia privativa é com pequenas pedras, dificeis de andar...
De regresso ao hotel, descobrimos que para ir nadar não precisávamos de passar pela praia de cascalho e pedrinhas, bastava descer umas escadas...
Depois íamos à piscina, muito boa e normalmente por nossa conta...
Fomos jantar ao centro, perto do porto, um restaurante recomendado pelo taxista, que nos levara a Butrint de manhã, como sendo o de melhor peixe de Saranda; e realmente o robalo fresco estava muito bem preparado.
No dia seguinte fomos dar mais um passeio. Saranda pode não oferecer as melhores vistas no porto, à chegada, com prédios velhos e de arquitetura duvidosa, mas tem bastante mais para oferecer aos turistas. Fomos ao "olho azul", uma atração turística popular: um fenómeno natural com uma nascente a mais de cinquenta metros de profundidade de águas azuis e cristalinas do rio que por ali corre rápido. Este parque ecológico, situado num belíssimo vale, que as montanhas circundantes daquela cidade não deixam adivinhar...
Ficámos muito satisfeitos por ver novamente o nosso excelente guia, que veio buscar-nos ao hotel, pois não sabíamos se seria o mesmo....
Depois de estacionarmos, andámos cerca de 2km, por um caminho novo, que não foi ainda inaugurado. Durante o comunismo era proibida a entrada de civis...
Como o guia percebeu que nos interessávamos por História levou-nos às ruínas do Mosteiro de São Nicolau, cuja base da construção em pedra é anterior ao cristianismo na Albânia. Hoje em dia, o ateismo é predominante, já que durante o comunismo era proibido professar qualquer religião e muitas Igrejas foram destruídas.
A nossa sorte foi tanta, que vimos um guarda e eu pedi ao guia para se informar se tinha as chaves do Mosteiro. Não só as tinha em seu poder como abriu a porta e contou muitas histórias, que o guia traduziu, entre as quais o facto de ter sido ali batizado...O próprio guia só tinha estado no interior uma vez...
Almoçámos num restaurante rural uma carne muito apreciada pelos locais, cozinhada em brasa, por cima e por baixo. Uma delícia...
Apesar de uma grande costa no Adriático e Jónico, a Albânia é essencialmente um país montanhoso e a carne é muito mais apreciada do que o peixe ou marisco. O porco é pouco usado. Apreciam muito borrego, o que comemos: mish ne saç.
A visita acabou no Castelo de Lekursi com uma vista sobre a cidade e a baía de Saranda, a ver-se ao longe Corfu. Foi construído no século XVI pelo Sultão Suleiman, o Magnífico, quando pretendeu conquistar Corfu.
Na foto, um bunker. Havia muitos espalhados pelo território, construídos pelos comunistas
Do castelo vê-se ao fundo as ruinas do Mosteiro dos 40 Santos, dedicado aos 40 mártires de Sebaste, que se recusaram desistir da sua fé cristã, na Arménia, durante o Império Romano, por isso foram presos até morrer. O mosteiro estava em boas condições até 1944, quando foi bombardeado pelos britânicos que julgavam estar ali instalada uma bateria antiaérea alemã...
Saranda deve o seu nome a este mosteiro, pois Saranda significa quarenta em grego.
Na Riviera Albanesa de 9 a 12 de junho de 2022
Parabéns a Maria Teresa pelo excelente bloque, que aumenta ainda mais a vontade de voltar a visitar Portugal.
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