O castelo de Bojnice foi mencionado pela primeira vez no ano de 1113, num documento encontrado na Abadia de Zobor (perto de Nitra). Originalmente foi construído em madeira, que a pedra substituiu, de maneira gradual, ao longo do século XIII.
Houve muitos proprietários de terras oriundos de famílias aristocráticas, que alternadamente governaram a região e tomaram posse do castelo. O castelo de Bojnice pertenceu sempre ao rei, que o doava a grandes senhores, como recompensa. No século XV pertencia ao rei Matias Corvin
Estátua de Matias Corvin em Cluj Napoca, Roménia
Matias Corvin também possuia o Castelo Corvin, na Roménia
Parece que gostava muito de Bojnice e tinha uma árvore favorita, uma tília, debaixo da qual gostava de assinar os seus decretos. Essa árvore, plantada provavelmente em 1301, ainda pode ser admirada hoje em dia.
O tecto da Sala Azul, está ornamentado com o brasão das principais famílias que foram donas do castelo.
Brasão da família Zapolsky
E como vai sendo habitual nas nossas visitas, o brasão da importante família Pálffy, que foi proprietária do castelo durante 300 anos e do qual foram os últimos donos privados.
Os primeiros Pálffy donos do castelo
Antes dos Pálffy, o castelo pertenceu ainda a uma importante família, a mais rica do norte do reino da Hungria (atual Eslováquia). Em 1528, os Thurzo adquiriram o castelo e realizaram uma grande reconstrução- a antiga fortaleza transformou-se num castelo do Renascimento.
À entrada da exposição do castelo/museu Bojnice passamos por um salão na área do apartamento do último proprietário, o conde Ján Pálffy, que servia como jardim de inverno e onde jogavam. Aí estão expostas duas maquetes do castelo antes e depois da última reconstrução, no século XIX.
A história da reconstrução deste palácio tem na sua origem um romance de amor entre o seu dono e uma aristocrata francesa, com quem ele queria casar. Só que o pai da amada não deu o seu consentimento, porque a filha iria viver numa condição muito inferior ao que estaria habituada no seu país. O conde Pálffy comprometeu-se a restaurar este castelo ao estilo romântico, tendo como modelo os célebres castelos do Loire. A reconstrução durou 22 anos e entretanto a nobre francesa casou com outro e o conde morreu dois anos antes do castelo ter ficado pronto.
Como se esta triste história não bastasse, o seu testamento não foi cumprido. Era sua ambição manter o castelo aberto como museu para as pessoas apreciarem toda a arte que acumulou ao longo da vida, mas os herdeiros (irmãs, pois não teve filhos) resolveram vender a maioria das antiguidades: tapeçarias, desenhos, pinturas e esculturas do castelo e, em 1939, toda a propriedade. O comprador foi Ján Baťa, da firma de sapatos Bata. Em 1945, o castelo foi confiscado pelo governo da Checoslováquia e tornou-se sede de várias instituições do Estado. A história do castelo de Bojnice tem muitos factos e poucas lendas, conforne as épocas...
Bem Vindos ao Castelo de Bojnice (lê-se Boinitzé)!
O conde Pálffy era um amante de arquitetura e ele próprio gostava de desenhar o que queria que fosse construído, à semelhança do que tinha visto durante as suas viagens e encarregava a sua execução ao arquiteto Jozef Hubert de Bratislava. As obras no interior foram da responsabilidade da firma Gebrüder Colli, de Innsbruck.
Um dos salões mais exuberantes é o Salão Dourado com o tecto todo trabalhado em madeira e coberto de folhas de ouro de 24 carates. Há 184 caras de anjos, todas diferentes e ao centro um anjo a segurar o brasão da família Pálffy e o lema do conde: Omnia Cun Tempore (Tudo precisa de tempo).
O grande Hall
Salão Oriental (à direita vaso da dinastia Ming)
Galeria
Hall de mármore
Aquecimento em cerâmica original com figuras de músicos
Apesar de muitas peças terem sido vendidas, o castelo ainda possui muitas antiguidades interessantes: tapeçarias, relógios e mobiliário.
Relógio do século XVII. As horas vêem-se na coroa, que roda e tem um bastão a apontar para um número em romano, indicando a hora do dia.
Aliás, são tantos os relógios que estão a pensar fazer uma exposição só sobre eles.
Tapeçaria do século XVII
Vitral do século XIX
Anjos do século XVIII
Visitámos também um apartamento, que não costumava estar aberto ao público. De acordo com a nossa simpática guia, foi arranjado para receber, nos anos 90, a visita do Príncipe Carlos do Reino Unido e da sua primeira mulher, mas nunca chegou a ser utilizado. Chamou-me a atenção um vaso de flores secas por cima de um sideboard Queen Anne.
O bonito altar na capela do castelo de Bojnice tem uma história conturbada. O conjunto dos 10 retábulos são originais do século XIV do pintor florentino Nardo de Cione. Foram comprados pelo conde Pálffy no século XIX e ele próprio desenhou o altar, onde seriam instalados (infelizmente morreu antes de ver a obra finalizada). Em 1933, 3 ladrôes roubaram as 5 maiores pinturas, as quais ficaram danificadas e foram levadas para Praga para serem restauradas. No entanto, foram integradas na coleção italiana da Galeria Nacional da capital checa e aí permaneceram por mais de sessenta anos. Houve toda uma campanha para a sua devolução a Bojnice. Finalmente e na sequência de conversações entre os primeiros ministros checo e eslovaco foram devolvidas ao castelo por troca de outras obras de arte raras eslovacas.
A visita guiada, que durou 2.45h, ainda nos levou às caves, a uma galeria de esculturas em mármore, à cripta, onde está sepultado o último Pálffy dono do castelo e aos jardins.
Foi uma excelente visita com uma guia muito amável e competente, que contou histórias, respondeu a perguntas, apesar de no final nos ter confessado, que estava um pouco nervosa, pois há algum tempo que não trabalhava e ainda esteve a rever a matéria...O castelo de Bojnice é de visita obrigatória.
O castelo tem sido inspiração para muitos pintores.
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