Todas as casas onde vivi trazem-me boas recordações.
2015 |
Quando andava no liceu tornava-se cada vez mais difícil e caro manter a casa bem apresentada com a necessidade de contratar pintores e um jardineiro para cuidar do belo jasmineiro, que cobria toda a fachada da frente da casa e a trepadeira nos muros a necessitar de ser podada. A minha mãe começou a pensar vendê-la para irmos viver para Lisboa, para onde já se tinham mudado os meus tios e primas. A venda não foi fácil. Muitas pessoas regressadas das ex-colónias foram vê-la, mas era demasiado grande para a necessidade de ter uma casa urgentemente. Uns lamentavam o chão ser de tábua corrida, em vez de parquet, outros por a cozinha ser antiga. Já farta de pessoas que batiam à porta para serem intermediárias e ganharem uma comissão, a minha mãe acabou por vender a casa por um quinto do preço que foi posta à venda menos de dois anos depois. Nunca ninguém na minha família teve jeito para os negócios...
Em Lisboa fomos viver para uma urbanização ainda a terminar e demorou algum tempo até instalarem o telefone e os passeios das ruas serem calcetados. Isso era a única desvantagem, porque a perspetiva de começar tudo de novo e decorar a casa entusiasmava-nos. Fui eu que dei a entrada para a casa com procuração da minha mãe. Conto muitas vezes essa história...
Seis anos depois casei-me e fui viver para Algés para uma casa alugada. Em 1982, era muito dificil encontrar um apartamento vago e até havia agentes imobiliários, que cobravam para mostrar as que estavam no mercado. O senhorio engraçou connosco, um casal jovem que queria uma casa para casar e disse que tinha um apartamento em Algés, pequeno mas que talvez nos servisse. Era uma casa tão pequena que até a minha irmã dizia que lhe causava claustrofobia, mas o meu marido e eu gostávamos dela. Tinha apenas dois pequenos quartos de dormir e uma salinha, mas ficou muito gira depois de a arranjarmos. Os senhorios provaram ser muito forretas e não mandavam arranjar nada do que se estragava, como os velhos estores.
1º dia de escola do meu filho em Algés
De seguida fui morar para Ancara, Turquia, para um bom e confortável apartamento (não fora as canalizações ficarem à vista nas casas de banho) com um pequeno jardim. A senhoria queria que píntassemos a casa quando saímos, mas nós recusamo-nos, porque não tinha sido pintada antes e não estava no contrato. Além disso, devido à inflação, todos os anos a renda aumentava 10%.
1º dia de escola da minha filha, em Ancara
Enquanto ainda vivíamos na Turquia comprámos a nossa casa em Lisboa. O meu marido foi trabalhar para a Guiné e tinha direito a casa. Íamos passar muitas férias com ele, mas os meus filhos e eu ficámos a morar em Lisboa, por causa das escolas.
A casa da Guiné pertencia ao estado português e tinha muitos problemas relacionados com a canalização, paredes, teto, etc, que o "senhorio" não resolvia...
Dos EUA recordo as mais bonitas árvores de Natal naturais que tive...
Em 1999, fomos viver para os EUA. A senhoria, pela primeira vez, era uma senhora muito simpática que nos pedia para a avisarmos de qualquer anomalia, mandando consertar tudo o que se estragava: estores, máquinas, armários. Ao principio, antes de receber as minhas coisas de Portugal, não gostei da casa, tipicamente americana, em madeira. O chão estava todo alcatifado e eu não gostava, porque os meus tapetes não brilhavam, mas depois e como sempre faço, comecei a valorizar o que era fantástico e menosprezar as outras coisas. O local era muito bonito: um condomínio fechado com uma vista soberba, uma lagoa que gelava no inverno, um campo de ténis e uma piscina para todos os residentes. Gostei muito de viver ali e hoje ainda escrevo à dona da casa., uma senhoria como só encontrei novamente em Bucareste...
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