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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Andando por Bratislava ... a história da Igreja Azul


Ontem de manhã passeámos pelo centro histórico de Bratislava e fiquei a conhecer um pouco mais da sua história.

Palácio Apponyi (1761-62)

O conde Georg Apponyi foi um patrono de Haydn, quando este entrou na Maçonaria, tendo o compositor dedicado-lhe os Quartetos para Cordas Op 71 e Op 74. Também conhecida é a correspondência entre Haydn e a criada do conde, Nanette Peyer.


   




A casa onde viveu Béla Bártok (1881-1945)












O hotel Carlton é um dos hoteis mais históricos da Eslováquia. Já no século XIII existia no seu local uma estalagem chamada The Swan. Em 1760, ao seu lado construiu-se uma estalagem das mais luxuosas da cidade chamada The Three Green Trees, onde Johannes Brahms (1833-1897) atuou em 1867. 

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O hotel Carlton adquiriu o aspeto atual em 1925-29, resultado de uma grande restauração e união de três hoteis com um telhado comum.

Tentei acrescentar estas últimas informações, com fotos, ao post Bratislava Musical, que tem tido muitos visitantes (ou devo antes dizer "ouvintes"), mas não consegui. 


O Palácio Mirbach (1768-1770) teve diversos donos, desde a construção de este palácio rocócó, no local onde já existia um edificio em madeira. É ao rico negociante de cerveja Michael Spech, que se deve o aspeto atual, mas o palácio tem o nome do último dono, o conde Emil Mirbach, o qual foi morto em 1945 pelas forças russas e a sua coleção de arte expropriada, sendo hoje em dia uma galeria de arte.


No entanto, o principal motivo da saída foi visitar o interior da Igreja Azul. Quando fiz o meu post só a vimos por fora, porque estava fechada, mas depois comentando isso no escritório, resolveram telefonar para saber se podia ser visitada e responderam-nos afirmativamente. Marcada a hora, quando chegámos a porta já estava aberta e dois padres na porta. Um não falava inglês e até tinha sugerido levarmos um intérprete, mas estava acompanhado por um jovem sacerdote de Barcelona, que fazia a tradução para espanhol. Foram as pessoas mais simpáticas, que já encontrei em Bratislava e no final ainda nos ofereceram um livro (em eslovaco) com bonitas imagens.


Tudo começou com a construção do Liceu, inaugurado em 1908, em estilo da Secessão Húngara ou Arte Nova, o qual dependia do Ministério húngaro, pois vivia-se os últimos anos do Império Austro-Húngaro. Para a inauguração veio um Cardeal,  que não ficou satisfeito com o que viu, sobretudo uma escola nos confins de Bratislava, onde não havia outras construções e além do mais sem uma Igreja para os alunos. Dos 700 alunos que frequentavam a escola cerca de 400 eram subsidiados pela condessa Helena Szápáryová, a qual não tinha meios para financiar também a construção de uma Igreja. O recinto dedicado ao desporto serviu como local para se edificar uma Capela nos primeiros tempos, enquanto tentavam negociar com o ministério húngaro. No entanto, os esforços foram em vão, até à tomada de posse de um novo ministro tio daquela condessa. Então disponibilizou a verba necessária para se dar inicio à construção da Igreja. O arquiteto húngaro escolhido foi o mesmo da escola e era conveniente que o estilo se harmonizasse com o da escola. 
De inicio só o telhado era azul. A igreja tinha a mesma cor da escola e só muito mais tarde foi pintada de azul. 


O problema era que, não muito longe do local onde se ergueu a Igreja Azul, havia uma outra também dedicada a Santa Isabel da Hungria de modo que quando se falava da Igreja Santa Isabel, as pessoas não sabiam a qual das duas se referiam, daí a nova igreja ter passado a chamar-se azul, a cor do tellhado.

Durante a I Guerra Mundial a Igreja Azul sofreu muito e até os sinos foram derretidos para fazer balas e com a II Guerra Mundial ficou também muito destruída. Foram os comunistas que a reconstruiram no final da guerra e colocaram um padre amigo do regime. Os casamentos eram feitos à noite para não despertar a vizinhaça, pois entretanto a cidade expandiu-se e foram construídos muitos apartamentos na sua vizinhança. Em 1989, após a queda do regime comunista a Igreja foi novamente restaurada e, durante as obras por de baixo do estuque, encontraram na casa do pároco fios e microfones de escuta ligados à igreja para ouvir e certamente registar o que se passava. Nessa altura houve recordes de mais de oito casametos aos fins de semana e muitos baptismos. Apesar de muitos noivos ainda escolherem esta Igreja para casamentos, o número desceu, mas ainda se realizam muitos matrimónios e baptizados. Sem dúvida, que a Igreja Azul pela originalidade do seu estilo (nunca vimos nada parecido...) e dimensões, mantém talvez uma atmosfera de Capela de colégio ou familiar.  

No final e devido à simpatia e disponibilidade do Pároco e do seu assistente o jovem Padre espanhol acabámos por não necessitar  do pequeno vocabulário, que levávamos preparado para agradecer o favor desta visita privilegiada, em tempos de epidemia. 



As fotografias do interior da igreja estão no post anterior: A Igreja Azul de Bratislava

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