Vi há pouco tempo umas fotografias da minha filha na Costa da Caparica, em 1989 e decidi levar lá o meu neto, até porque nem sequer nos lembrávamos quando lá tínhamos estado pela última vez. Se tínhamos tempo, costumávamos levar os filhos a passear no paredão da Costa, erguido muito antes dos da linha de Cascais.
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terça-feira, 8 de julho de 2025
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Dia Mundial do Chocolate
Porque é que o ditado não diz: " a chocolate a day keeps the doctor away..."
Jean-Étienne Liotard. A Rapariga do Chocolate c. 1744
Caneca antiga de servir cacau com o bordo afiado para os escravos não tentaren provar.
Museu na Venezuela
Bruxelas, uma tentação andar pelas ruas com tantas lojas de chocolate.
A pior recordação de um chocolate quente foi em Zurique. Depois de muitas horas de voo vindos do sueste asiático, resolvemos ir à cidade tomar o pequeno almoço. Serviram-me um copo de leite e um pacotinho com pó de chocolate...
domingo, 6 de julho de 2025
O Faroleiro
D. Carlos. O Mexilhoeiro. 1908. Considerada a última pintura do monarca
Em 2 de outubro de 1873, D. Maria Pia passeava com os dois filhos D. Carlos e D. Afonso na Boca do Inferno, numa zona conhecida como Mexilhoeiro, quando de repente uma onda arrasta o pequeno Carlos. O faroleiro atira-se ao mar e resgata-o, mas na confusão o seu irmão cai também à água. D. Maria Pia, sem hesitação, mergulha e agarra-o e o faroleiro acaba por ajudar ambos a subir para um rochedo, onde já se encontrava a salvo D. Carlos.
A confusão não acabou aqui. O visconde de Moçamedes vendo o chapéu de D. Maria Pia a boiar na água, julgando que a rainha se estava a afogar, atira-se também ao mar, enquanto em terra as damas de companhia desatam aos gritos. O que começara como um tranquilo passeio de outono, podia ter acabado em tragédia.
Este episódio foi noticiado pelos jornais e o faroleiro da Guia foi considerado herói nacional e condecorado com a Ordem de Torre e Espada pelo pai dos príncipes, D. Luís, rei de Portugal.
Entretanto, o Teatro do Príncipe Real, estreado em 1866, leva à cena a peça O Faroleiro Salvador de Príncipes, do então famoso dramaturgo Luís de Araújo. No final de cada representação aparecia António de Almeida Neves, o faroleiro, exibindo a sua condecoração e a plateia delirava.
Em 1926, o faroleiro deu uma entrevista ao repórter X onde afirmava: "Havia de os salvar a todos, não fosse eu mais forte do que o mar que me revelava todas as noites os seus mistérios, sob a luz do meu farol". (Saraiva 81)
Segundo António José Saraiva, a maneira hiperbólica como o faroleiro descreveu os acontecimentos pode estar na origem da palavra faroleiro, além de guarda de farol designar alguém gabarola.
Rui Ramos na sua biografia de D. Carlos revela que no dia do funeral de D. Carlos havia um velhote desconhecido e muito desgostoso com uma medalha ao peito, que insistiu em acompanhar o caixão de D. Carlos a pé, durante todo o percurso, do Palácio das Necessidades até S. Vicente de Fora. Intrigado, o médico da Casa Real, Mello Breyner, descobriu depois quem ele era: o faroleiro, que trinta e cinco anos antes salvara D. Carlos. (Ramos 341)
Referências:
José António Saraiva. O Homem Que Mandou Matar o Rei D. Carlos. Gradiva. 2024
Raquel Henriques da Silva e Maria de Jesus Monge, El-Rei Dom Carlos Pintor. Fundação da Casa de Bragança. 2007
Rui Ramos, D. Carlos. Círculo de Leitores, 2006
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Visita ao Palácio Nacional de Mafra
Não visitava o palácio desde dezembro 2018. Já nessa altura escrevi: "É pena que as obras não estejam bem identificadas. Temos de andar à procura das explicações, que são demasiado breves em letra excessivamente pequena" E passados estes anos nada melhorou. Vou exemplificar. Chegamos a uma sala onde se lê: "... cinco pinturas encomendadas por D. João V: SAGRADA FAMÌLIA de VIEIRA LUSITANO, 1730; SAGRADA FAMÌLIA de AGOSTINO MASUCCI, 1730... Qual é qual?
Esta é a do Vieira Lusitano.
(felizmente existe o google, mas não dá para fazer uma pesquisa a toda a hora)
E há muitas peças que não estão sequer indicadas.
Depois fiquei horrorizada com a profusão de flores artificiais em tantas salas...
Gostei muito de ver as pinturas de Silva Porto de 1880
Pintura de Abel Cardoso (1877-1964) O Cair da Folha
Sala D. Pedro V. Presumo que o busto seja de D. Estefânia, mas sem informação. Há alguns anos, durante uma visita guiada, disseram-nos que a rainha Estefãnia morreu virgem...
O piano de D. Maria Pia fez-me recordar o mordomo Vital Fontes:
"Era muito irrequieta ...as viagens dum lado para o outro do País deram-me muito trabalho porque naqueles vários palácios nada havia capaz e tudo tínhamos de levar de cá. Para fazer as coisas como a Sra D. Maria Pia desejava tinha de se andar dum lado para o outro com carrões de móveis e roupas, porcelanas e cristais...da Ajuda para Mafra ia tudo...até um piano, e logo atrás um afinador, que com a Srª. D. Maria Pia tinha que andar tudo afinado... em Mafra fez montar o primeiro elevador que se conheceu em Portugal. Era capaz de subir dez pessoas, mas à custa doutros tantos homens que o puxavam à corda" (pág 30-31).
A biblioteca só por si vale a visita.
Tenciono regressar brevemente a Mafra, quando o Museu da Música ali reabrir. Esteve previsto para o ano passado, abril deste ano, e agora espero que aconteça até ao fim do ano, conforme a informação de um funcionário.
4 julho: Feriado Municipal em Coimbra
Hoje é o dia de Santa Isabel, Isabel de Aragão, a rainha consorte de D. Dinis, que morreu em Estremoz em 4 de julho de 1336.
É a padroeira da cidade de Coimbra, sendo por isso feriado nessa cidade no dia 4 de julho.
Nos EUA o dia 4 de julho é feriado nacional. Celebra-se a assinatura da Declaração de Independência em 1776, quando as Treze Colónias se declararam independentes da coroa britânica.
quinta-feira, 3 de julho de 2025
D. Leonor de Lencastre (1458-1525)
Nesta pintura flamenga do século XV, Panorama de Jerusalém, que terá sido oferecida à Rainha pelo Imperador Maximiliano I (seu primo), havia uma área reservada, no canto inferior esquerdo, onde foi incluída em Portugal a figura de D. Leonor viúva.
fotografia de setembro 2023
Convento Madre de Deus
D. Leonor fundou as Misericórdias para ajudar os mais pobres, apoiou o rei D. Manuel I, seu irmão mais novo, na abertura do Hospital de Todos os Santos, no Rossio de Lisboa e esteve na origem da fundação do hospital termal das Caldas da Rainha, cuja construção e funcionamento custeou.
Porta do antigo Convento da Madre de Deus, fundado em 1509 pela rainha D. Leonor de Lencastre (1458-1525) durante o reinado de D. Manuel, portanto, já depois da morte do marido, D. João II (1455-1495)
Pode-se observar as divisas de D. João II: o pelicano a alimentar o filho com o seu sangue e de D. Leonor: as redes de pescador.
No dia 12 de julho de 1491, o Infante D. Afonso, único filho de D. Leonor (o seu marido teve um filho ilegitimo, D. Jorge) foi à caça em Almeirim e ao anoitecer teve um acidente com um cavalo e acabou por morrer. Por ter sido socorrido por um pescador, a rainha resolveu incluir as redes de pescador no seu escudo real.
Igreja da Conceição Velha na rua da Alfândega em Lisboa
Outra obra notável, edificada a pedido da rainha Dona Leonor em estilo manuelino e executada por artistas da escola do Mosteiro dos Jerónimos, com um belo portal ladeado por duas janelas alongadas muito semelhantes aquele convento, foi mandada construir por D. Manuel I, como Igreja da Misericórdia. Abriu ao culto em 1534, já no reinado do seu sobrinho D. João III.
Museu do Hospital e das Caldas.
Remate arquitetónico proveniente do Hospital Real de Todos os Santos
Museu da Cidade Lisboa
Museu da Cidade
Hospital Termal Rainha D. Leonor. Caldas da Rainha
Ocorreu também a Dona Leonor fundar um hospital, onde os doentes pudessem recorrer aos banhos medicinais, cujas águas sulfurosas brotavam das nascentes com temperatura superior à normal, por isso denominadas caldas.
O Hospital Termal das Caldas da Rainha, fundado em 1485 pela Rainha D. Leonor, é o mais antigo do seu género em funcionamento no mundo. A sua história está intrinsecamente ligada à da cidade, que nasceu e cresceu em torno do complexo das termas.
Piscina da Rainha. Hospital das Caldas
Domingos Lopes. Rainha D. Leonor, cerca 1657.
Talvez por ter sido pintado após a Restauração, a Rainha aparece sem a coroa na cabeça.
Museu do Hospital e das Caldas
Retrato majestático de D. Leonor imaginado por José Malhoa (1926) e escultura de Francisco Franco (1935) Museu José Malhoa
D. Leonor foi uma notável figura do Renascimento em Portugal. Teve intervenção relevante na vida politica e cultural do seu tempo. Fundou estabelecimentos religiosos e de assistência, promoveu a importação de obras de arte da Flandres e de Itália e fez muitas encomendas a mestres portugueses.
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