Já fiz um post (em inglês) sobre a Revolução de Abril em Portugal, outro com o poster de Helena Vieira da Silva e a poesia de Sophia de Mello Breyner sobre o 25 de abril e o ano passado decidi recordá-lo em décadas passadas.
Do 25 de abril já sabemos tudo, tanto as pessoas que o viveram, como os mais jovens, nascidos já em democracia e que já estão na faixa dos 40... A repetição anual dos mesmos chavões, como por exemplo "25 de abril, sempre" e outros slogans desgasta o significado da data, ligando-a apenas a uma geração. O aproveitamento do 25 de abril para causas na moda e, hoje em dia, consideradas politicamnete corretas constitui também uma usurpação do seu sentido histórico.
Na CML em 2017
O nome "revolução dos cravos" para designar a mudança pacífica de regime foi muito feliz, assim como o foi o caso na ex-Checoslováquia do termo "revolução de veludo" para designar outra alteração profunda, não violenta, que levou à queda do comunismo naquele país da Europa central e, mais tarde, à separação de duas nações, que se tornaram independentes uma da outra: a República Checa e a Eslováquia.
Para mim, os cravos ficaram para sempre relacionados a esse momento histórico em Portugal e quando digo que não gosto de cravos, numa jarra, tenho sempre a ideia que preciso de me justificar. Também só gosto de ver gladíolos na terra, apesar de gostar tanto de flores.
Já imaginaram se tivesse sido um jarro?
Seria sem dúvida muito bonito, mas o efeito seria bem diferente. Náo caberia no cano da espingarda dos soldados, um bonita imagem de propaganda que ficou para a história. O cravo é uma flor barata e o seu caule é mais resistente. Na verdade, o 25 de abril de 1974 foi uma data do final da minha adolescência vivida com intensidade, mas da qual não tenho saudades. Todavia, reconheço a sua extraordinária importância ao possibilitar as liberdades de expressão e associação políticas e a instauração de um regime democrático em Portugal.