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domingo, 10 de novembro de 2024

Piero della Francesca- artista convidado no MNAA

Piero della Francesca nasceu e morreu (1492) em Sansepolcro, uma pequena cidade da Toscania. O primeiro registo conhecido deste pintor renascentista é de 1439, quando era discípulo de  Domenico Veneziano em Florença.


A encomenda do retábulo dos Eremitas de Santo Agostinho feita pelo mercador Angelo di Giovanni di Simone a Piero della Francesca não constituía tarefa fácil. A 4 de novembro de 1454 deram-lhe um prazo de oito anos para a sua execução, mas Piero só o terminou em 1469. Tinha entre mãos algumas das suas obras maiores como os frescos de Santa Cruz na Igreja de São Francisco de Arezzo (1452-57), o altar da Misericórdia de Sansepolcro (1460-62), o Retábulo de Santo António de Perugia (1467-69), além de trabalhos para o duque de Urbino e o Papa Pio II.

O futuro do retábulo, entretanto remontado numa igreja paroquial, revelou-se atribulado. A tábua central dedicada a Nossa Senhora desapareceu, mas felizmente as tábuas maiores: Santo Agostinho, o Arcanjo São Miguel, São João Evangelista e São Nicolau Tolentino ainda se conservam embora dispersas.

Na exposição agora patente no Museu Nacional de Arte Antiga estão em exibição os dois Santos que iniciavam e fechavam o retábulo: Santo Agostinho, que pertence ao espólio do Museu em Lisboa e a obra convidada: São Nicolau de Tolentino do Museu Poldi Pezzoli, em Milão.


Santo Agostinho


 São Nicolau Tolentino

Uma pesquisa rápida aos meus catálogos de museus e na net mostraram que o Arcanjo São Miguel está na National Gallery em Londres e São João Evangelista, assim como três painéis da predela estão no museu Frick Collection em Nova Iorque, todas elas obras fantásticas.

Em 2014 tive o prazer de conhecer os frescos de Piero della Francesca na Basílica de S. Francisco em Arezzo.


Em seguida dei uma volta pelo museu. Fui ao terceiro andar ver o restauro dos painéis de S. Vicente, que sofreu um atraso com a pandemia.









Vi a exposição temporária de desenhos de crianças de Domingos Sequeira. Neste caso a mulher e a filha e no terceiro andar obras daquele artista, algumas adquiridas recentemente. 

Nunca vi a baixela Wellington, que está em Londres (Apsley House) e foi desenhada por Domingos Sequeira. Está nos planos futuros...



O que não gostei de ver no museu:

1- Poucos visitantes, num dia que a entrada até é grátis.
2- Ter de deixar a minha mala num cacifo. Estava praticamente vazia (telemóvel, carteira, lenços de papel). A senhora nem quis que mostrasse. Por motivos de segurança tinha de ir para o cacifo. A mesma funcionária nem sabia onde era o elevador....

3- 

Ver que a publicidade da exposição temporária, que visitei no principio do ano e terminou em março ainda estava à vista....

4- 

As janelas que dão para a rua sujíssimas e com vidros partidos. Inadmíssivel num museu nacional.

sábado, 9 de novembro de 2024

9 de novembro: dia incontornável na história da Alemanha

 Em 1848

Execução de Robert Blum

Robert Blum foi um político liberal e democrático alemão, membro da Assembleia Nacional. Quando viajou para Viena para apoiar a revolta contra o imperador foi preso e executado pelo seu empenho nas revoltas de 1848 nos estados alemães.


Em 1918

O social-democrata Philipp Scheidemann anunciou que o Imperador alemão abdicou e fugiu para os Países Baixos. Proclama a I República. Depois de muitos tumultos e focos de guerra civil, foi criada a República de Weimar um ano depois e Scheidemann o seu presidente.

Em 1923

Hitler, ainda pouco conhecido, tentou derrubar o governo democraticamente eleito. Foi condenado a 5 anos de prisão, mas saiu passados alguns meses por "bom comportamento".

Em 1938- A Noite de Cristal


A noite de cristal, assim conhecida devido ao número de vidros partidos de lojas e montras, foi um assalto generalizado a lojas e a casas de judeus, que decorreu por toda a Alemanha e também na Áustria segundo um plano de ação planeado e instigado pelo próprio partido nazi no poder.

Em 1989- A Queda do Muro de Berlim


Günter Schabowski porta-voz da comissão política do partido comunista da então RDA (república democrática alemã) anunciou erradamente que todas as leis para viajar ao estrangeiro tinham sido derrogadas. Dezenas de milhares de alemães orientais acudiram imediatamente ao Muro de Berlim, onde os guardas fronteiriços se viram forçados a abrir as vias de acesso a Berlim Ocidental por causa da pressão popular, o que provocou a posterior queda e o desmantelamento do Muro.

A 3 de outubro de 1990, a Alemanha estava oficialmente reunificada. Foi escolhida esta data para o dia nacional da Alemanha, devido às conotações políticas de 9 de novembro no passado.


Esta é uma fotografia minha histórica junto ao Muro de Berlim, em 1981. Estive a fazer um curso de verão e logo que me tiraram a foto apareceu a polícia a pedir identificação e assim surgiu mais uma foto...

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Veneza em Festa



Veneza em Festa é o tema da exposição na Gulbenkian realizada em colaboração com o Museu Thyssen-Bornemisza de Madrid. Mostra grandes mestres da pintura veneziana do século XVIII como Canaletto, Guardi, Belotto e Tiepolo.


CanalettoO Bucentauro




O Bucentauro







Guardi- Regata no Grande Canal junto à Ponte de Rialto

Bellotto (sobrinho e discípulo de Canaletto)- Capricho com Rio e Ponte


Tiepolo - Retrato de Jovem com Máscara
O pormenor da máscara remete-nos para o Carnaval de Veneza, 
cujas origens remontam à Idade Média


Pietro Longhi-
 As cócegas
O quadro insere-se na designada pintura de género ou cenas do quotidiano,
 representando de forma irónica a privacidade de uma residência veneziana


 Corot-
Veneza vista da Dogana
Este artista naturalista francês fez muitas viagens a Veneza, onde pintou algumas das suas mais bonitas vistas panorâmicas


John Singer Sargeant-
A Igreja de Santa Maria della Salute
Para este pintor americano nascido em Florença, Veneza foi uma constante fonte de inspiração


Félix Ziem-
A Praça de São Marcos em Veneza


Esta escultura de Corradini- Eneias transportando o seu Pai- ornamentava a entrada do palacete de Calouste Gulbenkian em Paris e julga-se que veio do jardim de um palácio em Veneza.





Veneza foi um importante centro livreiro, durante o Renascimento, famosa pela publicação de edições luxuosas.






Este para-sol em veludo exemplifica a grande qualidade da produção deste tecido em Veneza nos séculos XVI e XVII, quando o uso daquele tecido, então de difícil produção e muito caro, símbolizava o máximo luxo. 

 


Subitamente, ao sair da exposição, deu-nos uma enorme vontade de ir a Veneza, mas tem de ser quando estiver em exibição uma grande ópera no la Fenice...





Há aquelas exposições que nos deixam felizes só por ver tantas coisas bonitas: olhos deleitados coração feliz. Esta é, sem dúvida, uma delas.





quarta-feira, 6 de novembro de 2024

O tapete do Pedro

 


Todos os meus cinco netos tiveram um tapete de Arraiolos bordado por mim.

O tema do tapete do Pedro foi escolhido pela mãe: o cavalo.

Resolvi fazer o mesmo desenho do quadro em ponto de cruz com a informação do nascimento e acrescentei folhas de outono. Demorei 3 meses a bordá-lo e depois tive de levá-lo à loja para me fazerem a bainha (Lãs Imperial).



 
O tapete da minha neta mais velha tem o mesmo tamanho que o do Pedro, com cerca de dois metros de comprimento. Não tem abelhas, que ela gosta tanto...



O da mais nova é um pouco mais pequeno, mas já tem os girassóis, que ela associa a si.


Os tapetes dos netos mais velhos são do mesmo tamanho. Um tem motivo de casinhas, iguais às que a minha nora pintou no quarto


Este foi o primeiro e o único que não foi inventado por mim. Tirei os ursos de uma revista, o comboio de outra e só acrescentei números e letras ao fundo.

Pelas minhas contas já fiz 25 tapetes (os dois primeiros, típicos rosas de Portugal, ficaram mal feitos e não constam nas fotografias dos tapetes. Agora, creio que tenho já o ponto mais certo). A maior parte foi de tamanho pequeno, para os quartos. Só tenho um tapete de Arraiolos comprado. Foi quando fui viver para a Turquia e achava que uma casa portuguesa tinha que ter um tapete de Arraiolos à entrada. Quando regressei a Portugal, com muitos tapetes orientais, estava na moda aprender-se a fazer Arraiolos. Como sabia fazer ponto de cruz, achei fácil, ainda por cima com lã, vê-se o resultado com mais facilidade. No entanto, continuo a achar os tapetes orientais mais adequados para as zonas sociais e os de Arraiolos para os quartos de dormir.

Decoração de Quartos de Criança

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Catarina de Bragança no Palácio da Bacalhôa




No fim de semana li na revista Sábado um artigo sobre uma exposição no Palácio da Bacalhôa em homenagem a Catarina de Bragança. Telefonei para o palácio para fazer a marcação da visita e fiquei a saber que não é uma exposição nova, com mais peças, mas sim a existente, há anos. De qualquer modo resolvemos ir até Azeitão, porque há muito tempo que não íamos.

 
Retrato oficial de Catarina de Bragança, Rainha de Inglaterra. À semelhança do seu pai, D. João IV, a coroa não está na sua cabeça. O pai ofereceu-a  a Nossa Senhora e Catarina de Bragança ao não usar a coroa demonstra a sua portugalidade.



Apresentação de Catarina de Bragança à corte de Carlos II



O contrato de casamento

Da maneira como estava exposto em 2009 via-se melhor...

Nas duas visitas que fiz anteriormente lembrava-me de dois azulejos do século XVII com os rostos dos reis, mas já não estão em exposição e a guia, muito jovem, não se lembrava deles.



Estes dois móveis, que me pareceram interessantes não os vi hoje.


Escolhemos uma visita mais curta só ao Palácio e Quinta. Não visitámos desta vez a adega.




Engraçado como passados quinze anos escolhemos os mesmos locais para tirar fotografias...






Entrada e Jardim Japonês


Em 2011 numa prova de vinhos com o meu filho...


Quinta e Palácio da Bacalhoa em Azeitão
Monographia Historico-Artistica por Joaquim Rasteiro
Lisboa Imprensa Nacional 1895


O Palácio da Bacalhôa é considerado o primeiro edificio da Renascença em Portugal. Anteriormente chamada Quinta de Vila Fresca foi também Paço Real, comprada pelo infante D. João, filho de D. João I em 1427. Herdou-a a sua filha, D. Brites, mãe do rei D. Manuel I. Ainda existem construções, muros com torreões de cúpulas aos gomos e também o grande tanque mandados construir por D. Brites. Esta quinta viria a ser vendida em 1528 à família Albuquerque e tornou-se uma homenagem a Afonso de Albuquerque.


Os azulejos datados (1565) mais antigos de Portugal

São daquela época a harmoniosa «casa de prazer», junto ao tanque, a decoração com azulejos e a plantação de uma vinha.


Ainda no século XVII pertenceu a um comerciante de bacalhau, Jerónimo Teles Barreto, conhecido pela alcunha de "O Bacalhau". Quando morreu a sua mulher ficou conhecida por Bacalhôa e assim a Quinta de Vila Fresca de Azeitão mudou o seu nome...


 Desenho de D. Carlos " Tanque da Quinta da Bacalhoa"


A Quinta pertenceu a D. Carlos I e ao seu filho D. Manuel II. Busto de D. Carlos e fotografia do Rei e Rainha D. Amélia.
Em 1936, o Palácio foi comprado e restaurado por uma norte-americana de origem polaca, Orlena Zabriskie Scoville, que chegou a esconder refugiados na cave do palácio. O seu neto tinha a ambição de possuir um chateau com vinhas de origem francesa e tornou a quinta num dos grandes produtores de vinho em Portugal.
Atualmente a propriedade pertence ao Comendador Berardo.