Na quarta-feira passada tivemos em casa um jantar para 24 pessoas. Aqui tem de ser um processo que deve começar algum tempo antes para não faltar nada do que é necessário.
Os empregados estão habituados e dava gozo ver o brio que tiveram para tudo sair perfeito, começando com a limpeza do faqueiro… com uma escova de dentes.
Tive a ideia de convidar a Andrea Imaginario para atuar cá em casa juntamente com os seus músicos. A Andrea é professora universitária de História de Arte e também Canto. Ultimamente tem-se dedicado à poesia Portuguesa, em especial a Fernando Pessoa e ao Fado. A ideia era tocarem ao ar livre, porque os entardeceres são muito bonitos e teriam a piscina iluminada como fundo…
Acontece que este país sofreu desde domingo passado algumas chuvadas bem fortes e no dia do jantar o pátio descoberto amanheceu cheio de água, que teimava em não descer pelo cano.
O senhor Quevedo bem tentou desentupir o cano, mas não conseguiu...
Foi necessário chamar um “plomero”(canalizador) para resolver o assunto.
À tarde já não choveu. Então pusemos à consideração dos músicos onde atuar: dentro de casa ou no pátio, havendo para esta última opção o risco de ter de tirar as aparelhagens à pressa se começasse a chover. A Andrea preferiu atuar na sala, até porque tinha um ambiente mais íntimo para o fado e assim ficou apenas meio iluminado...
Fiquei satisfeita logo que vi os ensaios ...
Adivinhei que todos iam gostar...
Sempre achei que nos momentos em que as pessoas estão mais deprimidas e se fala muito de problemas diários, há que dar uma volta e substituir a temática…
Numa terra onde as mulheres se enfeitam muito, resolvi também aparecer com um novo penteado e à semelhança do que a minha mãe usava, fiz um chignon.
Apesar de me dar um ar um pouco mais pesado, ficou bonito e senti-me bem.
Encontrei pela primeira vez açucenas...
Como sempre, comprei flores bonitas para decorar a casa e um arranjo tipicamente Venezuelano foi enviado por um convidado, juntamente com um cartão a desculpar-se, por não poder vir ao jantar, pois estava com febre em casa. Felizmente ainda há gentlemen…
Para manter o mesmo ambiente de descontracção, antes do jantar, todos os convidados escolheram à sorte a mesa onde se sentavam de acordo com o nome do escritor atribuído. Às senhoras coube-lhes em sorte escritoras e aos homens escritores, até para que nas mesas a distribuição fosse equitativa.
A ideia era dar um ar mais informal a um jantar buffet, que se realizou no pátio coberto da casa. Utilizei um plano semelhante no
almoço com o Richard Zenith, mas dessa vez recorri a figuras artísticas da época de Fernando Pessoa.
Às mesas atribui nomes de cidades portuguesas como Funchal, a minha, Coimbra e Guimarães.
A ementa levou uma
foto de Lisboa antiga, tirada pela minha filha e da minha mesa ouvi o meu marido, orgulhoso, falar dos dotes da nossa filha… Vaidades…
O que não se adivinhou foi a dificuldade em encontrar pão fresco, horas antes do jantar devido à falta de farinha, pelo que se fizeram, à última hora, pãozinhos caseiros de chouriço...ficaram muito bons…
A atuação musical deu um toque mágico ao jantar, pois não é habitual haver um mini concerto antes dos jantares. Deu-me muito gozo ver toda a gente fazer coro no final :
Cheira bem, cheira a Lisboa. A comida estava boa e incluiu bacalhau trazido de Portugal, arroz da
viagem à Guyana…entre outros petiscos com nomes bem portugueses…
A Andrea e eu.
Foi uma noite bem passada com convidados muito simpáticos e bem-dispostos dos quatro cantos do mundo...