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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O Retrato de Jorge IV de Inglaterra



Thomas Lawrence. Retrato de Jorge IV de Inglaterra


Gostei muito da minha última viagem a Roma, cujo plano era sobretudo dedicado a Rafael. Todavia, tive surpresas muito agradáveis, entre as quais encontrar este retrato de 1816, do Príncipe Regente, futuro Rei Jorge IV de Inglaterra (1762-1830) no Museu do Vaticano - estudei história de Inglaterra e há pouco tempo vi uma série excelente da BBC Príncipe Regente.

O pintor, Sir Thomas Lawrence (1769-1830) é considerado o herdeiro e sucessor de Joshua Reynolds como pintor da corte e um dos mais famosos pintores ingleses de retratos do século XIX.
Foi provavelmente oferecido por Jorge IV ao Papa Pio VII, quando se tornou Rei (1820) num clima de cooperação estabelecido entre o Reino Unido e a Santa Sé.

É realmente um retrato histórico com um Jorge IV em grande pose, com magníficos trajes reais e ostentando duas das mais importantes Ordens de Cavalaria: a Ordem da Jarreteira (Order of the Garter) na perna esquerda e a Ordem do Tosão de Ouro (instituída em Bruges por Filipe o Bom, Duque de Borgonha, para celebrar o seu casamento com Isabel de Portugal, filha de D. João I).
Interessante ainda observar (pena a foto ter ficado muito escura), que está de pé junto de uma mesa oferecida pelo Rei de França, Luís XVIII, sobre a qual está a coroa e uma carta do próprio Papa Pio VII.

Realmente a arte em Roma nunca deixa de nos surpreender...


Museu do Vaticano



domingo, 30 de janeiro de 2022

Fotografia e gastronomia



 Infelizmente também já ganhei o hábito de fotografar o prato quando chega à mesa:










Gosto muito de ver as mesas com as tradicionais toalhas vermelhas e brancas, que associo à Toscânia.



As fotografias foram tiradas em Roma.



Bom apetite!

sábado, 29 de janeiro de 2022

Vitória do Sporting

Hoje resolvi ver o final da Taça da Liga entre o Sporting e o Benfica. Jogo muito disputado, como gosto de ver. Foi entretido.

Gosto muito de fotografar leões!


Em Roma...Cordonata, Museu Capitolino e Piazza del Popolo


Artigo no Expresso sobre a Ucrânia


 
Pag 26 PRIMEIRO CADERNO Expresso, 28 de janeiro de 2022

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Rafael em Roma



No ano 2020, em plena pandemia, celebrou-se o 500º aniversário da morte deste grande artista do Renascimento, Raffaello Sanzio de Urbino (1483-1520), mais conhecido só pelo primeiro nome: Rafael.

Com um total de 120 obras, a exposição no Scuderie del Quirinale, em Roma homenageando Rafael foi a maior realizada sobre o pintor e prometia ser um dos grandes destaques culturais de 2020. Contudo três dias após o seu início, a Itália entrou em quarentena e o museu teve que ser fechado.



Nesta curta visita a Roma, tivemos como principal objetivo visitar os locais onde estão expostas as suas obras: Museu do Vaticano, Museu Barberini, Galeria Borghese, Capela Chigi na Basílica de S. Maria del Popolo.

Infelizmente não conseguimos visitar a Villa Farnesina, porque fechava às 14h, mas o vídeo, acima reproduzido, mostra os frescos da Loggia da Galatea e de Cupido e Psique, que gostariamos de ter visto. É narrado por Antonio Paolucci, diretor dos Museus do Vaticano, ex-diretor dos Uffizi e ex Ministro da Cultura, autor do livro, que comprámos sobre Rafael.

Retrato de Jovem com Unicórnio
Galeria Borghese
Retrato de um Homem
Galeria Borghese
Descida da Cruz
Galeria Borghese

La Fornarina
Museu Barberini

Pinacoteca, Sala VIII, Museus do Vaticano

A Coroação da Virgem
A Transfiguração
Madonna di Foligno

Rafael tinha apenas vinte e cinco anos quando o Papa Júlio II o chamou para decorar os seus apartamentos privados, chamados Stanza, pois não tolerava viver onde o seu antecessor, Alexandre VI Borgia habitara.

Rafael pintou a Sala da Assinatura com o fantástico mural A Escola de Atenas e a Stanza de Eliodoro. As últimas duas salas do apartamento situadas no segundo andar do Palácio Pontifício foram pintadas com a ajuda dos seus discípulos para o Papa Leão X: Sala de Constantino e Sala do Incêndio.






Sala da Assinatura

Sala de Eliodoro

Sala do Incêndio

Sala de Constantino





Rafael ainda supervisionou a execução das tapeçarias do Vaticano, muitas elaboradas segundo desenhos da sua autoria.




O banqueiro e patrono das artes Agostino Chigi (o homem mais rico de Roma), que encomendara a Rafael a decoração da sua villa, hoje chamada Villa Farnesina, também lhe pediu que criasse a sua capela mortuária, a Capela Chigi, na Basílica de Santa Maria del Popolo. Esta só viria a ser acabada por Bernini, cerca de cento e cinquenta anos depois, quando antes de se tornar Papa, Alexandre VII fez a encomenda ao escultor para acabar a capela da família ( o Papa era sobrinho-neto do banqueiro).

Dificil imaginar como teria sido a vida dos grandes artistas da Renascença sem o grande patrocínio dos Papas. Enquanto Rafael pintava os Apartamentos do Papa, outro génio pintava o teto da Capela Sistina. Face à enorme criatividade demonstrada por Rafael até aos 37 anos, quando morreu, o que teria sido se tivesse vivido até aos 88 anos como Michelangelo?


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Michelangelo em Roma

 


Foi o Papa Júlio II que deu carta branca a Michelangelo Buonarroti (1475-1564) para pintar os frescos do teto da Capela Sistina. O projeto demorou 4 anos (1508-1512) e o génio trabalhou sózinho.

O teto

«Não há outra obra que se compare a esta por excelência... O teto revelou-se um verdadeiro farol para a nossa arte, de inestimável benefício para todos os pintores, devolvendo a luz a um mundo que durante séculos esteve mergulhado na escuridão.»


Giorgio Vasari. Lives of the Artists. 1568 (Michelangelo)


O Juízo Final

A história da Capela Sistina e os frescos de Michelangelo podiam ter terminado em 1512, mas mais de um quarto de século depois o Papa Paulo III, amante de arte, entregou ao pintor a realização do grande mural O Juízo Final...na mesma Capela.


...e a cúpula da Basílica de S. Pedro, no Vaticano.

Outra obra prima de Michelangelo, Pietà, (1498–1499) uma das mais famosas esculturas feitas pelo artista, a qual representa Jesus morto nos braços da sua Mãe, encontra-se na Basílica de S. Pedro.

Perto do Panteão e em frente do obelisco Elefantino, na Basílica de Santa Maria Sopra Minerva encontra-se outra obra daquele mestre, mas o recinto estava a ser restaurado e não pudemos visitar.





Mas, na Basílica de S. Pedro Acorrentado (San Pietro in Vincoli), no túmulo de Júlio II, está a conhecida escultura de Moisés 






A Basílica de San Pietro in Vincoli foi construída no século V para abrigar as correntes com as quais São Pedro foi preso em Jerusalém. Também guarda a famosa escultura de Moisés de Michelangelo. Quando acabou a escultura, que parecia tão real, diz a lenda que o escultor bateu violentamente com um martelo no joelho da estátua e gritou-lhe: «Porque não falas comigo?».

Não visitei a Basílica de Santa Maria dos Anjos e dos Mártires, cujo arquiteto foi Michelangelo, mas revi e fotografei a Cordonata projetada pelo mesmo multifacetado artista.


Dois leões decoram a base da cordonata e ao fundo está o Palazzo Senatorio. Naquela época para o grande mestre o ordenamento do centro da praça constituía a solução na planificação do Capitolino. A estátua equestre de Marco Aurélio transformou-se no seu foco principal ao ser colocada na área central. Hoje em dia, a estátua original está no interior do museu e ao ar livre está  uma cópia, permanecendo a conceção de Michelangelo.






terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O meu reencontro com Bernini

Auto-retrato de Bernini na Galeria Borghese


Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) conhecido simplesmente por Bernini distinguiu-se essencialmente como escultor e arquiteto, embora tivesse sido também pintor, gravador e cenógrafo. Este génio multifacetado monopolizou muitos projetos artísticos em Roma, durante a sua longa e intensa carreira. 





Interior da Basílica Santa Maria Maior







Nascido em Nápoles, veio para Roma em 1606, pois o seu pai, um reconhecido escultor- Pietro Bernini- foi contratado para trabalhar nos grandes projetos papais (decoração da Basílica Santa Maria Maior). Foi assim, num meio artístico, rodeado de escultores prestigiados, que cresceu Bernini, o qual mostrou génio precoce, encorajado pelo pai.

A Galeria Borghese em Roma é talvez o museu que concentra a maior coleção das suas obras.





Busto do Cardeal Borghese esculpido por Bernini

Galeria Borghese










Em 1618, Bernini recebeu uma grande encomenda do Cardeal Borghese, sobrinho do Papa Paulo V, que qualquer jovem artista ambiciona: esculturas para decorar a sumptuosa villa daquele clérigo e rapidamente alcançou  grande fama.












Eneias, Anquises e Ascânio a fugir de Tróia

Galeria Borghese

O Rapto de Proserpina por Plutão
Galeria Borghese


David
Galeria Borghese


A Verdade descoberta pelo tempo
Galeria Borghese

 
Apolo e Dafne
Galeria Borghese

Depois de ter sido eleito Papa Urbano VIII, em 1623 (homem culto e brilhante da família Barberini), tornou-se patrono das artes e  mecenas de Bernini, que considerava um génio e o novo Miguel Àngelo. Urbano VIII empenhou-se na organização urbanistica de Roma, deixando uma acentuada marca barroca, a qual ainda prevalece claramente na capital italiana, continuando a dar-lhe, nos dias de hoje, elegância e grandiosidade. 








David com a cabeça de Golias
de Bernini está no Palácio Barberini.











Bernini criou muitas fontes para embelezar Roma:


 Fonte da Barcaça na Praça de Espanha



Fonte do Tritão na Praça Barberini



 Fonte Dos Quatro Rios (Danúbio, rio de La Plata, Nilo e Ganges) representando a Europa, América, África e Ásia. Praça Navona



Elefantino, obelisco Minerva


A decoração da ponte de S. Angelo foi inteiramente confiada a Bernini, o qual executou dois dos 10 anjos. Quando o Papa Clemente IX os viu não quis que ficassem expostos aos elementos, tão belos os achou. Foram guardados e hoje estão expostos na Basílica de Santo André dos Frades. 



O próprio parapeito da ponte foi desenhado por Bernini, permitindo que melhor se visse a água a correr do rio Tibre. O escultor descrevia-se como um amigo da água.


A atual Praça de S. Pedro, no Vaticano resultou de um projeto de Bernini (colunata).

Na Basílica de S. Pedro também encontramos obras do mesmo escultor genial. 


O baldaquino da Basílica de S. Pedro


Cátedra de S. Pedro


Monumento a Alexandre VII (Fabio Chigi), Basílica de S. Pedro


Na Capela Chigi, da Basílica de Santa Maria del Popolo até o pormenor da lamparina foi executado por  Bernini. A capela foi desenhada por Rafael quase 150 anos  antes, mas estava inacabada 

As esculturas de Habakkuk e o Anjo para a Capela Chigi são de Bernini



A porta del Popolo com uma inscrição em latim dá as boas vindas à Rainha Cristina da Suécia convertida ao catolicismo. Foi redesenhada por Bernini, uma encomenda do Papa Alexandre VII


Aquela que é considerada uma das suas obras primas encontra-se na pequena e bonita Igreja de Santa Maria da Vitória, capela Cornaro: Santa Teresa de Ávila.

Todavia, não era apenas o dinheiro que movia Gian Lorenzo Bernini. O prestígio e a amizade motivavam também esse génio do barroco. O plano e as obras da completa renovação da Igreja de Santo André na zona do Quirinal em Roma (onde se situa o atual palácio presidencial) foi por ele concebido e acompanhado sem usufruir de quaisquer honorários.


Em Portugal, há no Palácio de Queluz uma obra concebida por Bernini e executada pelo seu discípulo Ercole Ferrata: A Fonte de Neptuno.  

Leia este artigo sobre Bernini





Estou agora a ler a biografia de Bernini escrita pelo seu filho, Domenico Bernini, a primeira tradução e edição critica com comentários de Franco Mormando. Uma publicação da universidade da Pennsylvania de 2011.