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sábado, 27 de fevereiro de 2021

Bratislava- centro histórico

O passeio de hoje teve como objetivo conhecer dois locais: a Casa do Bom Pastor e a rua Baštová e depois andar pelo centro histórico, como de costume, pois há sempre algo mais para conhecer.









A Casa do Bom Pastor foi construída na década de 1760 por um mercador, no estilo rococó. É tão compacta que tem apenas uma pequena sala em cada andar.




 Fica situada no centro histórico, em frente à Catedral de São Martinho, mas do outro lado do viaduto, abaixo do Castelo .






 


rua Baštová abaixo do portão de São Miguel é a rua medieval mais estreita de Bratislava. No passado era onde morava o carrasco da cidade.







De seguida fomos em direção à Praça Principal, que fica perto e é realmente o centro da parte histórica da cidade. Difícil ir ao centro histórico e não passar por ela.  Já tirei muitas fotografias dessa praça- Hlavné námestie-, mas estou sempre à espera da fotografia ideal com sol. Embora durante a semana os dias tenham estados bonitos e com temperaturas quase de primavera, hoje voltou a estar um dia escuro.


No centro da praça vê-se a fonte mais antiga da cidade de 1572- a fonte de Maximiliano ou de Roland. No topo há uma escultura do rei húngaro Maximiliano II, que mandou construí-la para abastecimento público de água.
Nesta praça encontram-se diversos estilos arquitetónicos: no lado oriental a Antiga Câmara Municipal.


O edificio da Antiga Câmara Municipal constitui um dos marcos da cidade e um aglomerado de estilos e épocas. A parte mais antiga é uma casa do século XIV com uma torre de canto. Após um incêndio em 1733 a torre foi ampliada e ficou com a aparência barroca atual. O telhado inclinado é do século XVI.





A janela oriel acima da porta gótica que dá para o pátio com arcadas renascentistas do século XVI.








Bolas de canhão na torre evocam o bombardeamento de Napoleão em 1809.








O lado oposto da  Antiga Câmara Municipal é ocupado por belos edificios Arte Nova.


No lado norte, o Palácio Kutscherfeld, um belo edificio do século XVIII, que pertencia ao ministro das finanças húngaro e onde se estabeleceu a Embaixada de França e o Instituto Francês, em 1991. O compositor russo Anton G. Rubinstein (1829-1894) também viveu aqui.





A simpática estátua do soldado de Napoleão fica deste lado.





Do lado sul a estátua de uma sentinela para lembrar a casa dos guardas que existiu neste local até 1860 (primeiro em madeira, no século XVII e quando esta ardeu, em tijolo).

A estátua de Schöner Náci  fica na esquina sul da praça e a de Čumil nessa rua.



Ao lado da Praça Principal fica a Praça Franciscana. A Igreja dos Jesuítas fica ao lado da Antiga Câmara Municipal.



A igreja dos Jesuítas foi construida pelos luteranos em 1638. Por decreto do rei não podia ter uma torre. Na sequência de uma revolta anti-Habsburgo mal sucedida foi confiscada e entregue aquela ordem religiosa. Para comemorar a supressão da revolta, o rei mandou construir uma coluna da Virgem Maria em frente à igreja.







Na parte superior desta praça fica a igreja mais antiga da Cidade Velha, a Igreja Franciscana. É onde os reis recém coroados armavam cavaleiros alguns nobres.

Voltámos à praça principal e fomos ver as traseiras da Antiga Câmara Municipal, com um interessante telhado colorido...




E estamos noutra praça: a Praça Primacial, onde se encontra o Palácio Primacial ou dos Arcebispos


Regressamos a casa pelo mesmo caminho...


 

Os últimos edifícios da zona histórica por onde passamos antes de iniciarmos o regresso a casa são a Câmara Real Húngara, construída em 1756, a qual fica na rua do Portão de S. Miguel (hoje em dia é a Biblioteca Universitária) e a igreja e convento das Clarissas (século XIV).


Existe uma lenda associada à torre da igreja a qual envolve um cavaleiro e uma freira, que se apaixonaram. Ele prometeu à Madre Superiora a construção de uma torre em compensação pela autorização de casamento, a qual depois não cumpriu a sua promessa...

Mais um bonito passeio de sábado...


Recordar Vergílio Ferreira

(foto de Júlio Soares)

"Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação" *


Vergílio Ferreira


*Excerto do texto «A Voz do Mar», lido por Vergílio Ferreira (1916-1996) em 1991, na cerimónia em que lhe foi atribuído o Prémio Europália em Bruxelas, pelo conjunto da sua obra literária.


Madeira 2016

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Rossini e a boa mesa

Gioachino Antonio Rossini 1792-1868 

O musicólogo e antigo diretor do Teatro Nacional de São Carlos, Paolo Pinamonti, foi o convidado da primeira tertúlia organizada pelo jornal Público e o restaurante Eleven, em 2011 e os participantes  descobriram que a ópera e a cozinha têm mais em comum do que se imagina.

"A ópera não é a soma aritmética dos seus elementos", disse Pinamonti. "É mais do que essa soma." É exatamente como a cozinha. "Se tentarmos fazer um tornedó limitando-nos a juntar os ingredientes, não resulta." Para quem ouve, ou para quem come, a emoção vem de algo inexplicável. Rossini sabia disso - no teatro e à mesa.

Tornedó à Rossini

Rossini nunca foi um cozinheiro, nunca inventou nada, mas há muitas anedotas e pequenas histórias, que o ligam à cozinha e que ele próprio sempre alimentou, explicou Pinamonti. "Ele era muito amigo de Casimir Moisson, jovem chefe do restaurante parisiense Maison Dorée, e estava sempre a fazer-lhe sugestões e a interferir com o trabalho de Moisson."

O jovem chefe não queria ser desagradável para com o grande maestro, mas um dia terá mostrado alguma impaciência, dizendo que tinha que voltar para a cozinha, ao que Rossini terá respondido: "Et alors, tournez le dos!" (Então, vire as costas!). O Tornedó à Rossini, diz-se, teria nascido aí, desse "tournez le dos".


Stracchino

Pinamonti revelou ainda que Rossini era um entusiasta de stracchino, um queijo de leite de vaca, amanteigado, típico da Lombardia e que escrevia ao pai a pedir que lhe mandasse stracchino de Itália para França.





Ária do risotto

Em 1813, quando a ópera Tancredo estreou no La Fenice, em Veneza (do qual Pinamonti foi diretor artístico entre 1997 e 2000), a cantora Adelaide Malanotte ter-se-á queixado de uma ária, que lhe parecia demasiado longa. "Havia a tradição de se comer risotto", contou Pinamonti, "que é um prato que não pode ficar no fogão, tem que ser cozido no tempo certo. Por isso só quando os clientes chegavam ao restaurante é que o chefe perguntava "Vado con il riso?" [Avanço com o arroz?]. Rossini escrevia muito rapidamente e conta-se que a nova ária fora escrita no restaurante no tempo que o arroz demorou a cozer".

Mas seria profundamente injusto reduzir Rossini a um apreciador de boa comida e ao homem retratado em anedotas gastronómicas, embora, como diz Pinamonti, ele quisesse claramente "contrastar com a imagem do artista romântico, magro e desinteressado das coisas mundanas". Rossini era, acima de tudo, um grande compositor de ópera.



D. Luís e Rossini

Num almoço oferecido por D. Luis, onde também estava presente Castelo Melhor,  foi servido Tornedó à Rossini e consta que D. Luís terá dito: "Não vos vou maçar com a história do Rossini e do tournedos, porque já conhecem certamente, mas vou vos contar outra ... quando estive em Paris, entre outras coisas, apareci de surpresa em casa do Rossini. Aqui para nós, que ninguém nos ouve - e ri-se mais enquanto mete na boca mais um pouco de pão, agora com molho do turnedó- eu já tinha tudo combinado com o Rossini, mas quis encenar a aparição de mais um músico naquela casa, onde também estava, imaginem, o grande Verdi. Toquei violino, e cantámos todos juntos. Diverti-me imenso e só no fim da soirée é que todos os presentes, exceto o Rossini, que já sabia, ficaram a saber que eu era o rei de Portugal. Ahahah! (Xavier, 37)

Na fotografia, D. Luís (1838-1889) com o seu violoncelo stradivarius 'Chevillard-Rei de Portugal', classificado como Tesouro Nacional, uma das ”jóias da coroa” do acervo do Museu Nacional da Música. É o único instrumento em Portugal com a assinatura do construtor António Stradivari (1644-1737). O anterior proprietário foi o violoncelista belga Pierre Chevillard (1811-1877), que manteve o instrumento musical até à sua morte. Pouco tempo depois, o violoncelo passou para as mãos do monarca português, que tinha uma pequena coleção de instrumentos e era violoncelista amador.


Referências:

https://www.publico.pt/2011/05/21/jornal/tornedo-e-opera-num--jantar-inspirado-por-rossini-22044845

Xavier, António. Histórias do Palácio Foz. Aletheia, 2019

Nota: VER a VERSÂO da NET para poder visualizar o vídeo deste post no telemóvel. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O símbolo da 4ª Presidência Portuguesa da UE


As estrelas da bandeira europeia inspiraram os 27 círculos, que representam os 27 países da UE, os quais formam um leme, o elemento central do simbolo da Presidência Portuguesa. Este também pode ser interpretado como um sol.


The circles were inspired by the stars of the European Union flag, which represent the 27 countries of the EU. They form a rudder, the central element of the Portuguese presidency. It can also be seen as a sun.





Esta menina...


A bailarina

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

                                           Cecília Meireles

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Rosa Araújo e a Ópera

Caricatura de 
José Gregório da Rosa Araújo (1840-1893)
por Rafael Bordallo Pinheiro

Foi durante o mandato de Rosa Araújo, como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que se lançaram as obras da abertura da Avenida da Liberdade e a destruição do Passeio Público, o que provocou uma grande polémica.


Estátua a Rosa Araújo na Avenida da Liberdade


A sua alcunha era "cócó", pois o pai tinha uma confeitaria na Baixa lisboeta, cuja especialidade era um doce de ovos chamado cócó, que Rosa Araújo gostava de oferecer. Era também um homem de convicções: "o seu empenhamento na construção da Avenida foi tal que, tendo faltado o financiamento para a obra, levou a sua avante aplicando nela todas as suas economias, granjeadas na confeitaria" (pág. 46).

Era muito respeitado pelo rei D. Luís e respondia com humor às provocações, que tinham por fim rebaixá-lo.

Como diz o autor do livro, onde li hoje esta história: "na atualidade, os más-línguas são igualmente azedos. Falta-lhes no entanto o talento e o humor" (pág 46).

Um dia, quando perguntaram a Rosa Araújo, porque não era visto com frequência no S. Carlos, local de encontro da elite lisboeta, respondeu: "Sabe, é que eu ressono, e indo lá ainda corro o risco de acordar os que lá estão..." (pág.46).

Xavier, António. Histórias do Palácio Foz. Aletheia, 2019

23 fevereiro: Dia do Aniversário do Imperador do Japão



Tóquio, o Palácio Imperial (2019)


Devido à pandemia, as tradicionais festas de aniversário do Imperador do Japão em todo o mundo não irão realizar-se.


Em 1543, três portugueses chegaram à ilha de Tanegashima. Esse encontro foi o primeiro contacto do Japão com Ocidentais. Desde então e até ao ano de 1639, data em que o Japão fechou as portas ao comércio internacional, Portugal introduziu vários produtos como: a espingarda, que mudou a forma de lutar entre samurais, que até então usavam sobretudo katanas; o relógio, os óculos, vinhos, etc. Essas inovações e a criação de igrejas e hospitais ocidentais tiveram grande influência e mudaram a sociedade japonesa, acelerando a unificação do país.


Quioto 2019

Os biombos Namban descrevem claramente o forte interesse do povo japonês pela chegada dos portugueses. Por outro lado, os livros históricos como a Historia do Japam de Luís Froís, o Dicionário Luso-Japonês elaborado pelos jesuítas, documentos de cartografia e língua japonesa ou sobre a sua sociedade, mostram a profunda ligação dos portugueses ao Japão da época.



Osaka, 2019


O Japão reabriu as suas portas ao Mundo no século XIX. O Japão e Portugal assinaram um Tratado de Paz, Amizade e Comércio em 1860. Assim os dois países estabeleceram a primeira relação diplomática oficial. Foi um marco importante na longa história de relações entre os dois países, iniciadas em 1543.

2005. O Presidente Jorge Sampaio no Japão com o primeiro- ministro do Japão Junichiro Koizumi 


2015. O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, com o Imperador do Japão Akihito. Há 25 anos que um primeiro-ministro não visitava o Japão. O último fora Cavaco Silva em 1990.


2019. O Presidente Cavaco Silva representou Portugal nas cerimónias de entronização do Imperador Naruhito.


A cerimónia de apresentação de credenciais de um novo embaixador ainda é feita em carruagem puxada por dois cavalos, no Japão. 

Visitei o Japão em 2019 e guardo excelentes recordações dessa viagem fantástica. Estive a rever fotografias e desejo a todas as minhas amigas japonesesas um excelente dia.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Livro sobre o Palácio da Cova da Moura

O livro saiu este ano, quando Portugal assume a quarta presidência da União Europeia. No Palácio da Cova da Moura funciona a Direcção-Geral de Assuntos Europeus do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

A sede do MNE é no Palácio das Necessidades, sobre o qual já existe um bonito livro da autoria do Embaixador Manuel de Côrte-Real.  (também é possível  fazer uma visita virtual ao Palácio das Necessidades), daí esta obra sobre o Palácio da Cova da Moura, parte do conjunto dos dois palácios, onde funcionam os principais serviços daquele ministério fazer falta...fica-se à espera de uma brochura sobre a sede do Instituto Camões no Palacete Seixas, na Avenida da Liberdade, junto ao Marquês de Pombal.


O livro bilingue em português e inglês, tem bonitas fotografias com um capítulo sobre a sua história da autoria do Embaixador Manuel de Côrte-Real: "na segunda metade do século XIX...serve de residência ao conselheiro António de Serpa Pimentel, eminente político, conselheiro de estado, presidente de Tribunal de Contas, primeiro ministro e várias vezes ministro de diversas pastas...aqui viveu com a sua família e aqui faleceu em 1900".

Em 1903, o Dr João Ulrich comprou o edificio e apresentou um projeto de alteração. O arquiteto responsável foi Tertuliano de Lacerda Marques, que transformou a casa e ganhou o Prémio Valmor de Arquitetura.

Em 1935, o palácio foi comprado pelo Ministério da Guerra e, em 1961, instalou-se ali o Ministério da Defesa Nacional, o qual procedeu a obras de adaptação. Nesse mesmo ano, o então ministro da Defesa, general Botelho Moniz, tentou organizar um golpe de estado para derrubar Salazar.  Em 1974, a Junta de Salvação Nacional funcionava naquele palácio, onde foi tirada a icónica fotografia  junto à lareira de azulejos, antes Sala de Jantar da Família Ulrich. Apresenta também fotografias antigas cedidas por familiares da família Ulrich. 


No livro consta ainda um preâmbulo pelo Embaixador Álvaro Mendonça e Moura, Secretário-Geral do MNE, um prefácio do Ministro Augusto Santos Silva e os testemunhos de três Secretários de Estado dos Assuntos Europeus, durante as anteriores presidências e o artigo "O futuro de uma Presidência em tempos incertos" da atual Secretária de Estado, a Embaixadora Ana Paula Zacarias. O posfácio é do Diretor-Geral  dos Assuntos Europeus.

O Palácio da Cova da Moura fica junto à Avenida Infante Santo. Não confundir com o bairro da Cova da Moura, na Amadora.