A Ordem dos Cartuxos foi fundada em 15 de agosto de 1084, por São Bruno com seis companheiros (quatro clérigos e dois leigos). Por isso também é conhecida por Ordem de São Bruno.
Mosteiro de Grande Chartreuse ou Grande Cartuxa |
A Ordem tem origem na montanha situada ao norte de Grenoble, em Isère, na comuna francesa de Saint-Pierre-de-Chartreuse. Foi ali que os primeiros religiosos se instalaram, construindo um pequeno refúgio, onde viviam reclusos e isolados e em situação de grande pobreza, ocupados em oração e estudo.
Aos mosteiros da Ordem de São Bruno é-lhes dado o nome de Cartuxas. O seu lema, em latim é Stat crux dum volvitur orbis, (A Cruz permanece intacta enquanto o Mundo dá a sua órbita). Presentemente, os monges cartuxos continuam ainda a prática, com pequenas modificações, da austeridade inicial. A Ordem dos Cartuxos possui um rito litúrgico especial, que se chama o Rito dos Cartuxos.
Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli ou Cartuxa de Évora |
O Mosteiro da Cartuxa construído em Évora, entre 1587 e 1598, foi declarado monumento nacional em 1910.
Em 1834, forças radicais liberais expulsaram os monges cartuxos. Já em 1832, D. Pedro IV tinha decretado a extinção das ordens religiosas. Aquele mosteiro passou a ser do Estado. Em 1871, a família Eugénio de Almeida adquiriu as suas ruínas e o herdeiro, Vasco Maria, Conde de Vivalva (1913-1975), decidiu restaurar esse mesmo convento e devolvê-lo à Ordem de São Bruno. Data de 1960, a reinstalação dos Monges Cartuxos no Mosteiro, onde viveram entre os séculos XVI e XIX. O edifício continua, contudo, a ser propriedade da Fundação Eugénio de Almeida, que também possui a adega com o mesmo nome. É a única presença dos Monges Cartuxos em Portugal.
Nas ilhas britânicas havia doze cartuxas antes da Reforma.
A primeira foi fundada por Henrique II em 1181, como penitência pelo assassinato de Tomás Beckett.
Charterhouse de Londres |
A Charterhouse de Londres começou como um mosteiro da Ordem dos Cartuxos fundado em 1371, adjacente ao local onde foram sepultados na Idade Média muitos milhares de vitimas da Peste Negra. Foi dissolvido em 1537 por ordem de Henrique VIII, o qual condenou à morte os monges, que não reconheceram a sua autoridade. Muitos fragmentos deste período ainda permanecem. A propriedade passou para as mãos dos duques de Norfolk. Ainda na época Tudor, foi construída no local uma grande mansão e ali chegaram a viver a Rainha Isabel I e o seu herdeiro o Rei Jaime I, nos primeiros anos dos seus reinados. Em 1611, o filantropo Thomas Sutton, um dos homens mais ricos de Londres, deixou parte da sua fortuna para que o antigo mosteiro e a casa fossem aumentados, passando a albergar um lar para idosos pobres e uma escola para rapazes. Esta última ganhou fama, Escola de Charterhouse, mas mudou-se para Surrey em 1872 e, hoje em dia, continua a ser uma escola privada de prestigio.
Atualmente foi transformado num complexo histórico composto por diversos edifícios. Mantém ainda o lar de 40 idosos, chamados "brothers" e pela primeira vez as mulheres também se podem inscrever. É necessário que todos tenham mais de 60 anos, solteiros e pobres, necessitando o apoio da comunidade para o resto da vida.
Hoje a Rainha Isabel II visitou o local e inaugurou formalmente o novo espaço aberto ao público pela primeira vez desde há 400 anos, em parceria com o Museu de Londres. À entrada talvez reparasse no lema do antigo Mosteiro cartuxo "a virtude é a única nobreza", gravado em francês antigo.
Há três partes fundamentais: um museu, que conta a história da Charterhouse desde a Peste Negra até aos nossos dias; uma ala dedicada à aprendizagem, para que os estudantes aprendam e descubram como a Charterhouse serviu monges, monarcas, alunos e idosos; e ainda uma praça renovada para que o publico possa apreciar os espaços verdes, que a envolvem.
Referência:
https://www.theguardian.com/uk-news/2017/jan/26/charterhouse-london-opens-to-public-first-time-400-years consultado em 28/2/2017