No dia 30 de junho, quando ia a caminho do aeroporto recebi um telefonema desagradável da polícia, informando-me que o meu mais antigo "calhambeque", estacionado numa rua perto de casa tinha sido alvo de assalto e que eu devia urgentemente dirigir-me ao carro com as chaves para trancá-lo. Na impossibilidade de o fazer, pois estava quase a chegar ao aeroporto, consegui arranjar tudo por telefone com uma vizinha amiga. No regresso das férias fui levantar o carro, que ficara guardado na polícia para tirarem as impressões digitais e só posso agradecer aos simpáticos agentes: até puseram o carro, já sem bateria, a funcionar para poder levá-lo a uma garagem... aquele princípio de viagem não foi o mais agradável, mas depressa foi esquecido.
Visitei novamente a capital da Escócia, que gosto muito. Depois parti, em carro alugado, em direção de Inglaterra para o Lake District. Visitara esta região há 39 anos. Depois seguimos novamente para a Escócia em direção a Glasgow e continuámos até ao norte percorrendo o oeste e a ilha de Skye.
Os meus carros não têm GPS, mas fiquei uma fã. Quando esta aplicação se tornou moda lembro-me de ter ido a Cascais com o meu cunhado e o GPS teimar que se devia seguir pela A5 e não a Marginal e como não o fizemos a "menina" não parava de chatear a mandar voltar para trás. Também em Espanha, por essa altura, tive no carro de uns primos uma experiência semelhante; porém, hoje em dia, com os melhoramentos que os aparelhos devem ter tido, é só colocar o código postal e o TOM TOM deixa-nos à porta e automaticamente muda o trajeto se formos por outra rua não recomendada. Eu, que não sou nada tecnológica e nunca sou a primeira a comprar estas coisas, para ver primeiro se resultam, tornei-me uma adepta...Felizmente que o meu filho já está bem habituado a guiar à esquerda. Faz bastante confusão aos continentais, especialmente nas rotundas.
Note-se que muitas estradas eram estreitas e os camionistas não facilitavam as ultrapassagens.
Esta viagem, com muitas horas no carro, foi sempre acompanhada por muitas notícias. Eu estava em minoria e não conseguia ouvir música. Primeiro foram as entrevistas sobre o referendo que ditou a saída do RU da UE. Embora já tivesse acontecido há uma semana ainda dominava os programas noticiosos...
Depois foram as conclusões do inquérito interno sobre a participação britânica na Guerra do Golfo II, acompanhadas pelas entrevistas a Tony Blair. Foi mais de uma vez apelidado de "primeiro terrorista". Fiquei estupefacta, até porque aprecio aquele político.
Não, não ficámos por aqui em matéria de notícias: "assisti" à votação interna conservadora de Theresa May para substituir David Cameron e a polémica de uma sua rival, que se achava mais competente por ter filhos, pois como se sabe a atual Primeira-Ministra nunca teve crianças.... francamente há assuntos transversais em todo o mundo, os quais, quanto a mim, afastam pessoas da politica, porque NÃO HÁ PACHORRA...
No meio de tanta informação política, apanhámos um programa de uma estação, durante o qual os ouvintes pediam uma música e eram entrevistados. Uma entrevistada confessou ir participar nua com o marido, às três da manhã, numa instalação de Spencer Tunick...de facto no dia seguinte, no hotel, as imagens e entrevistas sobre aquela obra tão peculiar revelou que houve a participação de cerca de três mil pessoas, nuas pintadas de verde e azul...as terras de Sua Majestade britânica continuam a surpreender também pelas suas excentricidades.
Os belos campos verdes da Escócia com imenso gado a pastar são absolutamente inolvidáveis, porque apresentam todas as tonalidades de verde, que podemos imaginar. Apanhei frio e choveu quase todos os dias. Todavia, as paisagens deslumbrantes escocesas e do Lake District, fazem esquecer o tempo às vezes agreste para gente como nós habituada a temperaturas mais amenas e quentes, sobretudo nesta época do ano.
O Europeu estava também na hora do dia. Vimos os jogos nos típicos PUBS. Foi uma experiência engraçada e verifiquei então haver sempre europeus de várias origens. Antes do País de Gales ser eliminado por Portugal ainda as primeiras páginas radiofónicas se referiam ao assunto...após esse jogo quase nada, até porque a Inglaterra já tinha sido eliminada... Em Edimburgo assisti ao Portugal- Polónia; em Thurso (norte Escócia) ao Portugal- País de Gales; em Inverness soube que a nossa equipa adversária na final seria a França, que vencera a Alemanha e, finalmente, na chegada a Amsterdão assisti à grande vitória da seleção portuguesa de futebol...o taxista que nos levou ao hotel deixou-me logo bem disposta ao declarar o seu apoio a Portugal e na cidade parecia haver muitos estrangeiros a nosso favor...
Foram duas semanas de férias a andar muito: primeiro de carro, que também cansa e depois a pé, passeando por localidades e jardins ou visitando castelos e museus. Fiquei estoirada. Já não aguentamos tanto e já não temos o ritmo que tínhamos...