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sexta-feira, 14 de junho de 2024

Em Bucara





Chegámos a Bucara de carro, vindos de Samarcanda, depois de pararmos a meio caminho no caravançarai Rabati-Malik. A estrada tem bastante trânsito e o piso está a precisar de novo revestimento, contudo não é tão má como nos tinham dito.

Este pórtico é o que resta de um caravansaray, estabelecimento hoteleiro ou hospedaria situado, como habitualmente, à beira da estrada para dar apoio e abrigo aos viajantes. Funcionou até ao século XVIII. A arquitetura é tipica do Canato Caracânida (turco) que governou a Ásia Central do século IX ao XIII e o único sobrevivente desta época.


A paisagem antes de Bucara já faz parte do deserto de Quizilcum. Passamos por um grande reservatório de água, construído no tempo soviético e que abastece Bucara. Depois surgem na paisagem muitos campos de algodão. 

Bucara  é uma cidade com uma história complexa situada na Rota da Seda, que durante a  dinastia Samânida, no século X, atingiu grande prosperidade politica, comercial e cultural, incentivando a ciência, arquitetura, medicina, artes e literatura. Existe desde o século VI A.C. e a área é habitada há 5000 anos.
Foi a capital do Canato de Bucara dos séculos XVI a XVIII. Mais tarde foi também capital do Emirato de Bucara, que compreendia vastos territórios, que hoje em dia pertencem a cinco países diferentes.



O mausoléu de Ismail Samani, fundador da dinastia, é uma jóia da arquitetura islâmica e o mais antigo da Ásia Central. Já existia quando Genghis Khan invadiu Bucara em 1219-20.


Numa ilustração muçulmana, Genghis Khan profere um discurso aos homens poderosos de Bucara, dizendo-lhes que devem ser pecadores, pois caso contrário o Céu não teria permitido que fossem derrotados. (John Man. The Mongol Empire pág 83).



O  Minarete Kalyan (Grande) construido em 1127 ainda sobrevive nos nossos dias e domina o horizonte de Bucara. Perante a sua grandiosidade, Genghis Khan não o destruiu.
Os minaretes foram concebidos para o muezim chamar os fiéis à oração cinco vezes por dia do cimo da torre. Em tempo de guerra eram usados como ponto de observação. Na Idade Média as caravanas que viajavam ao longo da Rota da Seda utilizavam-nos como orientação. 


Normalmente cada mesquita tem o seu próprio minarete. Desde o inicio do Islão há três tipos de mesquitas: Djuma, usadas para grandes multidões; Namazga, utilizadas pelos homens no campo, e Quizar, situadas em áreas de residência.



A Mesquita Kalyan completada em 1514 pertence ao complexo composto pelo minarete e a madrassa Miri-Arab, do século XVI com duas cúpulas azuis, que se erguem bem alto no centro de Bucara.


A Mesquita Magoki-Attori é um exemplo de mesquita urbana numa área residencial. Foi reconstruida diversas vezes. A sua fachada tem a particularidade de ser assimétrica. Funciona como museu dos tapetes orientais. 



As Madrassas de Ulugh Beg (1417) Abdulazizkhann estão situadas uma em frente à outra. A primeira é a mais antiga madrassa preservada da Ásia Central. Em 1993 foi incluida no Património Mundial da Unesco. 


Cúpulas Comerciais. Estão divididas consoante o tipo de comércio.


Lyabi Hauz significa reservatório.

Este espaço é composto por uma madrassa, Kukeldash do século XVI e a maior da cidade, o albergue de dervixes Nadir Divambegui e a Madrassa de Nadir Divambegui.

Antes do período soviético existiam vários destes reservatórios, que funcionavam como as principais fontes de abastecimento de água da cidade, mas também contribuíam para a propagação de doenças, o que levou a que fossem drenados durante as décadas de 1920 e 1930. O Lyabi Hauz foi mantido devido a ser o centro dum conjunto arquitetónico datado dos séculos XVI e XVII.


Madrassa Chor-Minor (quatro minaretes) fica atrás do complexo Lyabi Hauz. Cada um dos quatro minaretes tem uma forma diferente, que refletem as diferentes religiões, com diferentes elementos decorativos. 


A Fortaleza é a estrutura mais antiga de Bucara (século V). Era como uma cidade dentro da cidade com palácios reais (conhecida como a residência dos emires), edificios governamentais, bibliotecas. Era habitada por cerca de 3000 pessoas até a invasão do exército vermelho em 1920. Na praça era onde se faziam execuções.



A Sala do Trono

Do lado oposto à residência dos reis encontra-se o complexo Bolo-Khauz que consiste num lago (dos poucos que resistiram), uma mesquita (1712) e um minarete (1917).


O Mausoléu Chashma-Ayub está relacionado com a figura biblica de Job que fez brotar água no deserto e salvou Bucara. Hoje em dia existe uma fonte sagrada. O mausoleu é do século XII e foi reconstruído muitas vezes. Alberga o museu da água. 


Homem a transportar água dos reservatórios


A desertificação do Mar Aral





A Rota da Seda. Pintura sobre papel de seda

Sitorai-Mokhikhosa. A residência de Verão do último Emir, local único, que combina arquitetura oriental e russa. É do século XIX. 




Mausoléu de Bakhoutdin Naqshbandi, o grande teólogo do século XIV. É muito venerado pelos muçulmanos e o seu mausoléu é considerado a "Meca da Ásia Central", sendo muito visitado por muçulmanos de todo o mundo.



A visita a Bucara não ficava completa sem uma visita a um local de manufacturação de tapetes


Um tipico tapete de Bucara



Também vimos como são bordadas as susanis


Um dos temas de decoração nos tapetes, bordados, cerâmicas são as romãs. Perguntei à guia o seu significado e disse-me a rir que simbolizavam fertilidade e riqueza, por isso já ultrapassaram os 30 milhões de habitantes...






Centro de produção de tecidos de seda (manual)


Estátua de Nasreddin Hodja



Bucara, 13 a 15 de junho


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