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domingo, 6 de julho de 2025

O Faroleiro



D. Carlos. O Mexilhoeiro. 1908. Considerada a última pintura do monarca 

Em 2 de outubro de 1873, D. Maria Pia passeava com os dois filhos D. Carlos e D. Afonso na Boca do Inferno, numa zona conhecida como Mexilhoeiro, quando de repente uma onda arrasta o pequeno Carlos. O faroleiro atira-se ao mar e resgata-o, mas na confusão o seu irmão cai também à água. D. Maria Pia, sem hesitação, mergulha e agarra-o e o faroleiro acaba por ajudar ambos a subir para um rochedo, onde já se encontrava a salvo D. Carlos.
A confusão não acabou aqui. O visconde de Moçamedes vendo o chapéu de D. Maria Pia a boiar na água, julgando que a rainha se estava a afogar, atira-se também ao mar, enquanto em terra as damas de companhia desatam aos gritos. O que começara como um tranquilo passeio de outono, podia ter acabado em tragédia.
Este episódio foi noticiado pelos jornais e o faroleiro da Guia foi considerado herói nacional e condecorado com a Ordem de Torre e Espada pelo pai dos príncipes, D. Luís, rei de Portugal.

Entretanto, o Teatro do Príncipe Real, estreado em 1866, leva à cena a peça O Faroleiro Salvador de Príncipes, do então famoso dramaturgo Luís de Araújo. No final de cada representação aparecia António de Almeida Neves, o faroleiro, exibindo a sua condecoração e a plateia delirava.
Em 1926, o faroleiro deu uma entrevista ao repórter X onde afirmava: "Havia de os salvar a todos, não fosse eu mais forte do que o mar que me revelava todas as noites os seus mistérios, sob a luz do meu farol". (Saraiva 81)
Segundo António José Saraiva, a maneira hiperbólica como o faroleiro descreveu os acontecimentos pode estar na origem da palavra faroleiro, além de guarda de farol designar alguém gabarola.

Rui Ramos na sua biografia de D. Carlos revela que no dia do funeral de D. Carlos havia um velhote desconhecido e muito desgostoso com uma medalha ao peito, que insistiu em acompanhar o caixão de D. Carlos a pé, durante todo o percurso, do Palácio das Necessidades até S. Vicente de Fora. Intrigado, o médico da Casa Real, Mello Breyner, descobriu depois quem ele era: o faroleiro, que trinta e cinco anos antes salvara D. Carlos. (Ramos 341)
 
Estátua de D. Carlos em Cascais


Palácio da Cidadela, Cascais em 2023


Referências:

José António Saraiva. O Homem Que Mandou Matar o Rei D. Carlos. Gradiva. 2024

Raquel Henriques da Silva e Maria de Jesus Monge, El-Rei Dom Carlos Pintor. Fundação da Casa de Bragança. 2007

Rui Ramos, D. Carlos. Círculo de Leitores, 2006

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Oferta de Franz Liszt a D. Maria II







Na recente visita ao Palácio da Ajuda para ver a exposição sobre D. Maria II, não me recordo de ver referência ao grande interesse da família pela música.

Junto ao retrato de João Domingos Bomtempo de 1814 menciona-se que este pianista e compositor fundou em Lisboa a Sociedade Filarmónica e que foi nomeado mestre de música da rainha D. Maria II em 1833, cargo que ocupou até 1842 e, em 1835, criou o Conservatório de Música, sendo o seu primeiro diretor.

Apetecia-me saber mais, até pela grande tradição musical da Dinastia de Bragança e por isso hoje fui ao Museu da Música ver o piano que Liszt trouxe consigo em 1845, quando passou por Portugal e, depois, ofereceu a D. Maria II.
Piano Boisselot & Fils, Marselha, 1844



D. Maria II doou-o ao professor de música dos Infantes, Manuel Inocêncio dos Santos.








Gostei muito desta visita ao museu, que não visitava há muitos anos. A próxima vez será concerteza em Mafra, para onde se mudará em  três anos.
E como não podia deixar de ser também vi o violoncelo Stradivarius, que pertenceu ao Rei D. Luís.
 






E já agora que estamos a falar dos Bragança, a caixa de contrabaixo em madeira pintada, que pertenceu ao Rei D. Carlos.

domingo, 4 de outubro de 2020

O último dia da Monarquia

 




No dia 4 de outubro de 1910, tinha terminado a visita oficial a Portugal do Presidente do Brasil, Hermes da Fonseca.
Logo depois do tenente Mendes Cabeçadas confirmar a hora combinada no seu relógio de bolso, ouvem-se tiros de canhão a partir do rio Tejo. 


A 5 de Outubro de 1910, José Relvas, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, proclamou a República em Portugal. Daí até hoje a vida da República não foi fácil, mas a monarquia nunca mais conseguiu voltar ao poder.

Resta-nos imaginar como é que teria sido o nosso futuro se em 1908, o Rei de Portugal e o Príncipe herdeiro não tivessem sido assassinados por republicanos ou se D. Manuel II se tivesse mantido no trono. Algo parece evidente, os nórdicos, como os britânicos, conservaram as suas monarquias. Naquela altura esses países deviam ter focos de pobreza semelhantes aos portugueses e, hoje em dia, são bastante mais prósperos, tendo mostrando notável estabilidade politica ao longo do século XX.  Em Portugal, ao contrário: os primeiros dezasseis anos republicanos foram extremamente conturbados, seguidos por uma ditadura de 48 anos e os últimos 46 marcados por graves crises financeiras e económicas, cujas resoluções implicaram intervenções internacionais.     



Quanto ao feriado de amanhã tenho sentimentos divididos. Enquanto que o meu pai era um fervoroso adepto da república e nasceu quando governava D. Manuel II, pois faria o mês passado 111 anos, a minha avó materna ainda chorava quando falava do Príncipe D.  Luís Filipe, que poderia ter sido Rei.






Em junho de 1901, o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia visitaram pela primeira vez o arquipélago da Madeira e foram saudados com muito afeto pelos madeirenses.


Foi um marco histórico para a ilha, que tanto a minha avó como a do meu marido nos contaram. Interessante que a avó do meu marido (1900-1983) deve o seu primeiro nome à visita da Rainha à Sé do Funchal, onde foi baptizada a Maria Amélia Eugénia D`Affonseca Ornelas Vasconcellos Monteiro.

https://plataformacidadaniamonarquica.wordpress.com/2016/06/21/ha-115-anos-os-reis-na-madeira/